O hábito de fumar pode ampliar o risco de desenvolver esquizofrenia em pessoas saudáveis que possuam variantes genéticas para o transtorno mental. A descoberta está em um estudo publicado esta semana pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Boris Quednow, do Hospital Universitário de Psiquiatria em Zurique, na Suíça, e colegas identificaram que em pessoas com tais variantes um marcador neurobiológico para a esquizofrenia se mostrou mais presente entre fumantes do que naqueles que não fumam.
Os pesquisadores investigaram a relação entre variantes do gene TCF4 (“fator de transcrição 4”), cuja presença é conhecida por aumentar o risco de desenvolver esquizofrenia, com o déficit de processamento de informações associado ao transtorno. O TCF 4 é uma proteína com papel importante na formação cerebral.
O grupo avaliou 1.821 voluntários saudáveis e encontrou 21 mutações para o gene TCF4. Portadores de quatro dessas variantes apresentaram alterações no processamento de informações sonoras, conforme verificado por exames de eletroencefalografia.
Quando os resultados foram ajustados de acordo com o hábito de fumar, os cientistas observaram que, entre os voluntários com as variantes de risco do gene TCF4, os fumantes apresentaram maiores déficits no processamento de informações. Os déficits foram expressivos tanto para os fumantes leves como para os pesados.
“Como fumar altera o impacto do gene TCF4 na filtragem de estímulos acústicos, o hábito também pode aumentar o papel de genes específicos no risco de desenvolvimento da esquizofrenia”, disse Quednow.
De acordo com os pesquisadores, o tabagismo pode se associar com as mutações no TCF4 assumindo um papel importante no desenvolvimento de prejuízos no processamento de informações associado com a esquizofrenia.
“O hábito de fumar deve ser considerado como um importante cofator para o risco de esquizofrenia em pesquisas futuras”, disse Quednow.
Agência FAPESP
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