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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Produção de soja no Mato Grosso aumenta enquanto desmatamento diminui na segunda metade da década de 2000

Uma forte queda no desmatamento foi acompanhada por contínua expansão agrícola no estado do Mato Grosso, de acordo com um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA (PNAS). O estudo combinou dados de satélite com estatísticas do governo brasileiro sobre desmatamento e produção agrícola para acompanhar o desmatamento causado pela produção de soja e carne no estado do Mato Grosso entre 2001 e 2010. Os autores examinaram tendências de mercado e iniciativas de políticas as quais acompanharam e que podem ter contribuído para a queda no desmatamento na segunda metade da década (2006-2010) ao incentivar a expansão agrícola em áreas já desmatadas e ao desencorajar novos desmatamentos. A autoria do artigo é de cientistas da Universidade de Columbia, NASA, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Woods Hole Research Center (WHRC), e Instituto Brasileiro de Pesquisa Espacial (INPE).


De acordo com Márcia Macedo, da Universidade de Columbia e autora principal do artigo, “A demanda global por commodities agrícolas deverá aumentar substancialmente nas próximas décadas, criando novos incentivos para a expansão agrícola em regiões de floresta tropical. Nossas descobertas na fronteira agrícola da Amazônia sugerem que um caminho para atender estas demandas, enquanto se conserva as florestas tropicais, é desenvolver políticas que promovam o uso mais eficiente de terras degradadas e desmatadas enquanto se detém o desmatamento”.


Durante o início da década de 2000, o Mato Grosso experimentou níveis de desmatamento sem precedentes, chegando a picos de 11.800 km2 em 2004, impulsionado por um boom na expansão da produção mecanizada e da criação de gado. De 2006 a 2010, o desmatamento teve queda de 30% em relação a sua média histórica, ao mesmo tempo em que a produção agrícola no estado alcançou a maior alta em todos os tempos. O estudo indica que estas reduções no desmatamento foram provavelmente facilitadas por uma quebra global dos mercados de commodities em 2006 e 2007, o qual levou a uma contração em ambos os setores de soja e gado. Entretanto, o desmatamento permaneceu baixo mesmo após os preços das commodities se recuperarem no final da década de 2000, sugerindo que iniciativas do governo e da indústria para combater o desmatamento durante o mesmo período podem ter atenuado a derrubada de novas florestas para a produção de soja enquanto o mercado se recuperava.

As reduções do desmatamento de Mato Grosso representam mais da metade da excepcional queda no desmatamento em toda a região da Amazônia brasileira. Claudia Stickler, coautora e pesquisadora do IPAM, acrescenta: “O Mato Grosso já realizou uma grande contribuição em ajudar o Brasil a alcançar seus ambiciosos objetivos com relação às emissões. Agora será crítico desenvolver e implementar incentivos políticos para a manutenção das florestas para garantir essa tendência. Enquanto a demanda por produtos agrícolas continua a aumentar, o potencial da produção de carne para acomodar esta expansão chegará ao seu limite, e as pressões crescerão para o desmatamento de florestas em solos adequados”.

Para Paulo Moutinho, Diretor Executivo do IPAM, “este estudo demonstra que é possível diminuir o desmatamento enquanto, ao mesmo tempo, se aumenta a produção agrícola. Neste caso, o estado de Mato Grosso baixou as emissões globais de carbono em aproximadamente 1%”.

Referência completa do artigo: Marcia N. Macedo, Ruth S. DeFries, Douglas C. Morton, Claudia M. Stickler, Gillian L. Galford, and Yosio E. Shimabukuro. Decoupling of deforestation and soy production in the southern Amazon during the late 2000s. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America.www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1111374109

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