Redirecionamento

javascript:void(0)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Estudo expõe falas índígenas no Twitter

Qual a realidade das nações indígenas no Brasil frente à internet? Essa e outras perguntas são feitas pela estudante do curso interdisciplinar do Programa de Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura, da Unama, Hellen Monarcha, que se preparou para qualificar sua dissertação em dezembro.

“A princípio, trataria da rede social twitter e discursos publicitários. O encontro com minha orientadora, a doutora Ivânia Neves, deu novas direções à pesquisa. Ela trabalha com sociedades indígenas e em 2010 coordenava um projeto com os Aikewára, no sudeste paraense. Decidi então que analisaria o Twitter, mas que procuraria investigar como é a participação das sociedades indígenas nesta rede social’’, conta Monarcha.

No Brasil, diz Monarcha, há sites e blogs com temáticas sobre as sociedades indígenas, mas poucos, contam com a participação direta dos índios. Por outro lado, ela diz que se surpreendeu com o número de usuários no Twitter que, no Brasil, assumem identidade indígena: mais de 1.200 pessoas.

IDOSOS CURIOSOS

Sobre a importância dada à Internet, ela conta que os mais jovens se interessam e têm facilidade. Contudo, os idosos também são curiosos.

“Os mais velhos gostariam de acessar as mesmas tecnologias. A índia Arihêra, uma das mais velhas, estava por perto quando a Murué Suruí, o Tiapé Suruí e eu acessávamos o Twitter. Ela ficou atenta ao que estávamos fazendo, quando acessei o blog Aikewára pelo meu celular, dizendo que ela apareceria numa foto. Os mais velhos comentam que é bom poder guardar fotos e filmes dos Aikewára e que é uma pena não ter imagens de alguns deles que já se foram”.

Só no Brasil existem mais de 180 diferentes povos indígenas. Além das questões culturais, alguns povos tiveram a oportunidade de receber financiamentos para acessar a internet, a exemplo do povo Paiter, também chamados de Suruí, de Rondônia. Eles têm computadores e ponto de internet dentro da aldeia, o que não é a realidade dos Aikewára.

“Estava previsto para julho de 2011 a construção de uma escola com o ponto de internet na aldeia em Sororó. A escola está pronta, mas o ponto não foi disponibilizado. Será através do NavegaPará. Quando conheci os Aikewára, em 2010, apenas um indígena, o Tiapé Suruí, que é uma das principais lideranças deste povo, tinha aparelho de celular. Mas agora, de um ano para cá, as crianças principalmente, pelo menos umas 30, como me disse o Tiapé, têm o seu aparelho. Elas utilizam como qualquer criança ou até mesmo adultos: ouvem música, compartilham vídeos, jogam”, diz Monarcha.

A estudante informa que o uso do celular pelos adultos é mais voltado para a comunicação com a aldeia quando eles viajam. Os Aikewára precisam se deslocar até uma cidade vizinha para acessar a telefonia celular e a internet, essa última através de lan houses. 

Redes sociais podem aproximar povos

Sobre o uso utilitário da rede mundial de computadores, entre tantas coisas pesquisadas, a exemplo de possíveis denúncias, posições políticas, divulgação de livros, contato com outros povos, a mestranda compartilha a seguinte observação: “Na medida em que as crianças assistiam a TV, constantemente, começaram a se desinteressar em ser indígenas. Algumas delas passaram a inclusive não quererem ser chamadas por seu nome indígena, mas por um nome de ‘branco’. Foi o caso da Taraí Suruí, menina hoje com 13 anos, que conheci pessoalmente como Talita. 

Após terem sidos produzidos alguns vídeos sobre a cultura Aikewára dentro do projeto Criança Esperança, a TV foi usada também para reproduzir esses vídeos, também postados no youtube e divulgado nas redes sociais. A partir deste novo olhar das crianças sobre a sua própria cultura, dentro de uma mídia tecnológica, além da visita da Rede Globo à aldeia e a participação dos Aikewára em outros projetos, houve um interesse maior de todos em aprender mais sobre sua língua, cultura e costumes. Além disso, vídeos de outras sociedades indígenas são reproduzidos na aldeia dos Aikewára. Venho percebendo em minhas pesquisas que esse é um interesse comum dos povos indígenas: o contato com outros povos de outras culturas. As redes sociais possibilitam que essa comunicação seja ainda maior, de mão dupla”. (Ascom/Unama)

Nenhum comentário:

Postar um comentário