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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cultura e Sustentabilidade

A importância da Cultura na busca pelo desenvolvimento sustentável foi o tema do seminário “Cultura e Sustentabilidade, Rumo à Rio+20”, promovido neste domingo, 29/01, pelo Ministério da Cultura, em Porto Alegre. O encontro, realizado na Casa de Cultura Mario Quintana, fez parte das atividades paralelas ao Fórum Social Temático – FST 2012 – e serviu como preparatória para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que acontecerá em junho próximo, no Rio de Janeiro.

Com uma expressiva presença de público, formado em sua maioria por gestores, produtores e outros representantes da comunidade cultural, o seminário teve início com a mesa “A cultura como pilar estratégico da sustentabilidade”, conduzida pelo secretário-executivo do MinC, Vitor Ortiz, que destacou o objetivo do Ministério da Cultura de aprofundar a questão da Agenda 21 da Cultura. Vitor recordou que o documento nasceu no ambiente do Fórum das Autoridades Locais, realizado em Porto Alegre no início década de 2000, e que foi traduzido para 19 línguas, além de agregado às políticas públicas de cultura desenvolvidas na capital do estado.

“Isto significa que o processo segue vivo, atingido pelas mudanças da sociedade e com um perfil mais contemporâneo. Refletir sobre cultura e sustentabilidade é compreender e entender o caminho para as políticas inclusivas de cultura. O mais importante é discutir o papel estratégico das políticas públicas de cultura para o futuro, colocando-as em alta relevância no debate”, afirmou. O secretário-executivo acredita que até a junho já se tenha acumulado discussões que possam ampliar e reforçar a Carta da Cultura Rio+20.

O secretário adjunto da Cultura do Rio Grande do Sul, Jéferson Assumção, disse que a Cultura é múltipla e está em contínuo processo e que vê a cultura operando em três dimensões: a estética, a cidadã e a econômica. Enfatizou que a cultura é o elemento de qualificação do desenvolvimento econômico e social, ressaltando a importância dos novos movimentos sociais que surgem no país, onde a cultura está no centro e está sendo pensada em uma articulação maior como grande movimento de inclusão.

O assessor especial da presidência do IPHAN, Luiz Philippe Torelly, falou da abrangência do tema e da percepção de que o conceito de cultura se alargou e está em nosso cotidiano. “Temos que observar como se articulam as políticas públicas para os próximos anos”. Torelly disse que a palavra sustentável sofreu um desgaste “Tudo é sustentável”, e colocou uma pergunta: “será que o desenvolvimento sustentável é possível sem pensarmos em novos padrões de consumo?”, finalizou. 

O parlamentar espanhol Jordi Marti, (vereador e delegado de Cultura da Câmara Municipal de Barcelona) acredita que é necessário pensar nos quatro pilares do desenvolvimento sustentável: o econômico, social, ambiental e cultural. “O conceito de desenvolvimento sustentável não é suficiente para aguentar os efeitos negativos que o capitalismo impõe. Apesar dos esforços e acordos, sabemos que o ‘mundo continua degradando o planeta’” afirmou. “O pilar cultural é o mais conflituoso, pois não temos indicadores para medir o desenvolvimento cultural. A cultura é o vetor do campo de batalha no nível ideológico”. Marti citou diversos elementos-chave do desenvolvimento da cultura, como o design, a moda, marketing cultural, a gestão cultural, movimentos sociais vinculados às periferias urbanas, movimentos populares de cunho político e os movimento que propõem uma nova relação de produção e distribuição no meio digital. “Essa grande diversidade cultural levará a se recuperar a discussão da cultura e promover políticas públicas de cultura."

Na segunda parte da manhã, foi realizado o debate “O PontenSocial da Cultura”, com participação de Alfredo Wagner – mestre e doutor em Antropologia Social, Pesquisador da Universidade Federal do Amazonas, Eliana Bogéa – coordenadora de projetos estratégicos da Secretaria Municipal de Saneamento e Infraestrutura de Ananindeua/Pará e da socióloga, mestre e doutora em Antropologia Social, Sarela Paz (Bolívia).

Alfredo Wagner fez uma reflexão de como se deu a autoconsciência da cultura que marca o início do século da cultura. “O projeto de uma cartografia cultural, organizando espaços e territórios, novas formas organizativas que se expressam corporalmente devem fazer parte de uma cartografia da diversidade cultural. Ver as diferenças entre tradição e tradicional, proteção e protecionismo e o conceito de contemporâneo e de civilização”.

Eliana Bogéa disse que não se pode pensar em território sem levar em conta as pessoas e que não dá para pensar a Amazônia de fora da Amazônia. Eliana lembrou os repertórios da cultura ribeirinha, suas diferenças e especificidades e entende que a cultura está ligada aos recursos naturais. Solicitou uma presença mais forte do Ministério da Cultura na região e disse que queria ver o Amazonas incluído na Rio + 20 também pelo viés da cultura.

A socióloga boliviana Sarela Paz (doutora em antropologia social) afirmou que o desenvolvimento sustentável deve levar em conta um elemento fundamental que é o tema da extrema pobreza e que a problemática da cultura deve ser pensada com a dimensão dos povos que têm condições e expressões políticas distintas. Segundo ela, “esse é o novo desafio dos Estados-Nação”, concluiu.



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