Produtores se unem em torno de marca única e governo investe R$ 1 milhão em feira |
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, mas o produto não tem glamour. Diante desse cenário, o país vai tentar mudar o status do café brasileiro durante a maior vitrine do grão no mundo, a Feira de Cafés Especiais, que ocorrerá em Houston, Estados Unidos, entre 28 de abril e 1° de maio.
Depois de anos de disputas internas para acessar o mercado internacional individualmente, finalmente, os produtores de diferentes regiões se deram conta de que, com atenção à qualidade e um trabalho conjunto, poderão entrar com mais força em um segmento especial - que cresce dez vezes mais do que a média do mercado. E, claro, com maior retorno para o cafeicultor.
Após uma década, o Brasil volta a ser tema do evento e o slogan preparado para a feira conta com a estratégia de apresentar uma nova identidade no exterior: "Um país, vários sabores". O que se quer é enfatizar que o grão doméstico é confiável onde quer que seja plantado e que, como conta com várias regiões produtoras, tem a capacidade de oferecer um cardápio variado para atender, literalmente, ao gosto do freguês.
Apesar de o produto doméstico ser o mais comprado do mundo, dificilmente se vê nas famosas redes a identificação "café do Brasil". "Nosso produto foi sempre muito mais atrelado à quantidade do que à qualidade", explica a diretora executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês), Vanusia Nogueira. A história agora mudou, garante. Não só porque uma nova geração está à frente dos negócios, mas também porque a expectativa é a de que o segmento de cafés especiais crescerá de 10% a 15% ao ano, bem mais que a expansão prevista de 1% a 2% ao ano do grão comum.
Para o diretor de café do Ministério da Agricultura, Robério Silva, a feira dá ao país a oportunidade de mostrar a qualidade do produto nacional. Cerca de 500 empresários e produtores brasileiros devem participar. Para ser um dos parceiros do evento, o governo impôs uma condição aos produtores na reunião preparatória, em setembro do ano passado: ou eles se uniam em torno da "marca Brasil", como faz a Colômbia, ou não haveria recursos públicos no evento.
A proposta foi aceita e o ministério investiu R$ 1 milhão para a feira. "Os holofotes este ano estarão sobre nós, mas estamos muito mais amadurecidos", garante.
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