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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Emater encerra módulo do Cultivando Flores e Vidas com semana sobre empreendedor

O segundo módulo da primeira turma do projeto governamental Cultivando Flores e Vidas, que qualifica egressos do Sistema Penal para produção e comercialização de flores ornamentais, encerrou na manhã desta sexta-feira (10), no auditório da Central de Abastecimento do Pará (Ceasa), em Belém, depois de uma semana de capacitação conduzida pelo engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) Lucival Chaves, especialista em Floricultura e Empreendedorismo.

Explicando e fazendo demonstrações técnicas sobre mercado, cadeia produtiva e legislação, entre outros temas, Chaves foi o terceiro profissional da Emater a dar aulas no Flores e Vida, desde que o Projeto foi lançado, em 5 de dezembro do ano passado.

Além de Emater e Ceasa, Superintendência do Sistema Penal (Susipe) e Casa Civil da Governadoria, coordenam a iniciativa, cuja proposta inicial é oferecer a 25 condenados à prisão (ou albergados, ou em regime semi-aberto, ou em regime fechado) a oportunidade de aprender a trabalhar com floricultura, jardinagem e paisagismo - a partir de empreendorismo, produção e venda.

De acordo com Chaves, o mercado de floricultura é “muito promissor”: “Em espaços razoavelmente pequenos, é possível produzir mudas em vasos, por exemplo, com lucro de até 45%”, explicou, apontando as flores tropicais como uma das melhores apostas atuais. “Temos que saber aproveitar esta porta aberta”, discursava aos colegas de classe Carlos Augusto Ramos, 39 anos, que, ao mesmo tempo em que espera sua liberdade condicional (“Prevista para maio”, especificava), espera também o resultado do vestibular, pelo qual concorre a uma vaga no curso de Administração de uma faculdade particular.

Ramos, que terminou o ensino fundamental e médio já dentro do presídio, acredita que o Flores e Vida não só treina e estimula uma nova profissão, mas também ensina o valor do estudo e da boa convivência social: “Alguns aqui passaram 20 anos, ou mesmo a vida inteira, sem chance de frequentar uma sala de aula. Para o grupo, é um desafio desenvolver a autodisciplina em um ambiente absolutamente pacífico, no qual os debates são sempre construtivos”, conta.

Ele, que durante o dia já trabalha como auxiliar administrativo em um jornal de Ananindeua, quer investir em floricultura via uma sociedade com o irmão em Benevides, onde a família tem pequenas propriedades rurais. Já Iandresson dos Santos, de 23 anos, assumindo “não ter nenhuma profissão estabelecida”, manifestou especial interesse pelos arranjos florais: “Acho que levo jeito pra coisa”, animou-se, expressando a convicção de que, capacitado, poderá viver exclusivamente da floricultura: “É um negócio lucrativo e honesto”, resumiu.

Para a assistente social da Susipe, Albertina Edna Oliveira, já nesse segundo módulo foi visível a “evolução do comportamento” dos alunos: “Esse é um processo de qualificação profissional, mas também de reeducação social”, afirmou. Ela contou que, embora a inscrição dos presos tenha sido voluntária, há um perfil em comum: “Quase todos têm baixa escolaridade, mas também muito interesse em interagir, em aprender e em realmente aprender um ofício”. No caso, a circunstância da floricultura se apresenta ainda mais proveitosa: “Desmistificamos a atividade como ‘estritamente feminina’ e despertamos os sentidos deles para um trabalho que exige senso estético, carinho e delicadeza nos tratos e sensibilidade na lida com seres vivos”, completou.

O próximo módulo de aulas, terceiro e penúltimo, iniciará em março, em uma unidade prática de produção, dentro da própria Ceasa. O Projeto se estende até o fim do ano. Formados, os alunos receberão certificados, serão estimulados a se reunir em cooperativas e continuarão a usufruir de apoio das instituições, por meio de assistência técnica e crédito, por exemplo.

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