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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Paraguai inicia sacrifício de animais após detecção de febre aftosa

Com cerca de 8 milhões de hectares de babaçuais em seu território, o Maranhão é o estado do Brasil que tem a maior população vivendo da extração do coco babaçu. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 2009, foram coletadas 109.299 toneladas de amêndoas de babaçu, sendo que o principal produtor, o Estado do Maranhão, concentrou 102.777 (95%) do total nacional. Sem tecnologias avançadas ou mesmo infraestrutura, o método de beneficiamento maranhense ainda é rudimentar e essencialmente dependente do trabalho manual de mulheres que enfrentam todas as intempéries do ambiente rural.
Para melhorar essa situação, desde 2000, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa – vem colaborando para melhorar o perfil da produção agrícola no Estado, principalmente em relação ao coco babaçu, riqueza natural maranhense.
Em 2009, a Empresa instalou a unidade Embrapa Cocais em São Luís, com a missão de viabilizar, por meio da pesquisa, desenvolvimento e inovação, soluções para a sustentabilidade da agricultura dos ambientes Cocais e Planícies Inundáveis, com ênfase no segmento da agricultura familiar, e adotando como uma de suas prioridades a palmeira do coco babaçu.
"O objetivo da Embrapa Cocais é trabalhar em alternativas de aproveitamento integral do coco, pois as comunidades extrativistas, hoje, só aproveitam a amêndoa. Queremos fazer esse trabalho render mais para as famílias maranhenses, pois as potencialidades do babaçu são inúmeras", ressalat o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cocais, José Mário Frazão, um dos pioneiros do trabalho de pesquisa com babaçu no Estado, lembrando que a palmeira babaçu pode ser transformada em mais de 70 produtos, como óleo, sabonetes, palha para cobrir casas, artesanato e carvão, entre outros.
Quebradeiras
Hoje, no Maranhão, a extração da amêndoa é feita de forma marginal. O trabalho de exploração da palmeira é realizado, principalmente, pelas mulheres, conhecidas como "quebradeiras de coco". Entretanto, a maioria delas –o número total no Estado, pode chegar a 200 mil - ainda não aproveita todo o potencial econômico do babaçu.
A oportunidade trazida pela Embrapa, ao setor agrícola do Maranhão, levou as quebradeiras de coco a começarem a se organizar em associações e passarem a sonhar com um futuro melhor. No Vale do Itapecuru, o projeto de associativismo foi implantado em 2000, com o surgimento da Associação das Quebradeiras de Coco Babaçu de Itapecuru Mirim. Com apoio da Empresa, a associação tem melhorado a economia das famílias que trabalham no campo.
"Começamos praticamente do zero e já temos um grande avanço. Nós, as quebradeiras de coco, compramos esse terreno (em Itapecuru Mirim-MA) e, hoje, temos 32 clubes filiados, que são dos povoados aqui de perto", conta a quebradeira Mariana Ferreira Silva Sousa, de 52 anos.
Na associação, o babaçu foi integrado a atividades da agricultura familiar, como criação de galinha caipira, porcos e produção de hortaliças. Isso porque o beneficiamento integral do coco babaçu gera produtos que são insumos para diversas atividades produtivas. O mesocarpo, por exemplo, serve para compor a ração de galinhas e porcos, enquanto o epicarpo pode ser usado para a queima direta e o endocarpo pode ser transformado em carvão.
"A Embrapa é de suma importância para nós e vem acompanhando nosso movimento. Nós não temos noção da parte tecnológica, temos pouca experiência e a Embrapa está nos dando todo o suporte. A gente agradece do fundo do coração essa parceria", disse a presidente da Associação de Quebradeiras de Itapecuru Mirim, Maria Domingas Marques Pinto.
Luta
Trabalhando nos babaçuais desde que tinha 8 anos, Mariana Sousa lembra do quanto a vida no campo era mais difícil antes que as quebradeiras da associação, com apoio da Embrapa, passassem a trabalhar em conjunto para o aproveitamento total do babaçu.
"Muita mulher vivia naquela luta financeira no interior, vendendo coco por quase nada. Agora, nossa renda aumentou. Não é um aumento grande, mas, para o que era, a gente já teve um grande avanço", afirma Mariana, contando que, antes, todo o trabalho que as quebradeiras tinham não era recompensado com dinheiro. "A gente trocava o quilo da amêndoa por um quilo de alimento. Só de modificar esse sistema de troca, já melhorou. Antes, a gente quebrava um quilo de coco e trocava num quilo de farinha, num quilo de arroz, num quilo de feijão", diz a quebradeira, lembrando que não era possível nem escolher direito o alimento que elas queriam levar. "Como não tinha dinheiro, o comerciante só deixava a gente levar o alimento em troca da amêndoa. Era uma humilhação. Hoje, a gente pode escolher o que quer. Tenho meu dinheiro para pagar meu quilo de carne, para comprar o alimento que eu quero para o meu filho", diz Mariana.
Se antes da associação as amêndoas eram a moeda de troca para os alimentos, para a estrutura das casas das quebradeiras o babaçu de pouco adiantava. Questionadas sobre como as quebradeiras compravam os móveis de suas casas, já que a amêndoa do babaçu era o "dinheiro" da família, a quebradeira Raimunda Silva de Sousa, 52 anos, responde, espantada:
- Mas a gente não tinha móveis, não. Na minha casa eu não tinha nem a cama pra dormir. Comecei a comprar depois que a gente entrou nesse movimento (a associação).
Fora do projeto de associativismo, muitas quebradeiras ainda sofrem trocando o suor de seu trabalho por quilos de alimentos e enfrentam uma vida sem expectativas de melhora.
"Ainda tem muita companheira sofrendo. Passando por tudo igual ao que eu passei, ao que nós passamos", lamenta Mariana, afirmando que, com o trabalho desenvolvido pela Associação das Quebradeiras, viu sua renda aumentar de R$ 60 ou R$ 80 para mais de R$ 500 ao mês.
Sofrimento
Os anos de sofrimento não são facilmente esquecidos pelas quebradeiras que hoje progridem com o fruto de seu trabalho.
"Sou quebradeira desde que nasci. Criei nove filhos assim, quebrando coco, fazendo carvão para vender e sustentar os filhos. Hoje, já não estou mais quebrando o coco porque trabalho aqui na associação e tenho minha rendazinha, que dá para ir comprando meu movelzinho e uma comida melhor", afirma Raimunda, lembrando que a mesa hoje mais farta é novidade para a família. "Na quebra do coco, só se come o quilo de carne dia de domingo. A gente quebra o coco a semana todinha e vai juntando, juntando... Às vezes nem dá (para a carne), pois tem que vender logo (a amêndoa) para comprar aquela coisinha pra comer de noite. Na minha casa foi assim. E eu vi a minha mãe com o mesmo sofrimento", recorda Raimunda.
Mariana, com os olhos ao longe, também parece voltar no tempo e se entristece. "Às vezes, muitas quebradeiras chegavam à tarde com o cofo (cesto) de coco, morta de cansada, com fome, e pedia para o marido vender a amêndoa na mercearia enquanto ela fazia a comida das crianças. O marido, quando vendia o coco, ainda bebia, chegava em casa e, muitas vezes, ainda botava a mulher pra correr", conta, com a aprovação da amiga.
"A vida de uma é a vida de outra. O que acontecia com ela, acontecia comigo e acontece com as outras", comenta Raimunda.
Antes de voltar ao trabalho na associação, Mariana ainda resume a história de tantas mulheres maranhenses:
- É um sofrimento. Muitas vezes eu chorava nos matos e pedia para que Deus desse um jeito para que um dia eu modificasse o meu trabalho. Quantas vezes eu chorei com um cofo de coco nas costas, com o 'buchão' (grávida) caindo aqui, levantando acolá. A gente observa que até as crianças nasciam prejudicadas, por tanta 'saculeja'. Aquela batalha era muito forte, muito dura.
Fonte: Márcia de Faria/Embrapa Cocais/MA

Com cerca de 8 milhões de hectares de babaçuais em seu território, o Maranhão é o estado do Brasil que tem a maior população vivendo da extração do coco babaçu. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 2009, foram coletadas 109.299 toneladas de amêndoas de babaçu, sendo que o principal produtor, o Estado do Maranhão, concentrou 102.777 (95%) do total nacional. Sem tecnologias avançadas ou mesmo infraestrutura, o método de beneficiamento maranhense ainda é rudimentar e essencialmente dependente do trabalho manual de mulheres que enfrentam todas as intempéries do ambiente rural.
Para melhorar essa situação, desde 2000, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa – vem colaborando para melhorar o perfil da produção agrícola no Estado, principalmente em relação ao coco babaçu, riqueza natural maranhense.
Em 2009, a Empresa instalou a unidade Embrapa Cocais em São Luís, com a missão de viabilizar, por meio da pesquisa, desenvolvimento e inovação, soluções para a sustentabilidade da agricultura dos ambientes Cocais e Planícies Inundáveis, com ênfase no segmento da agricultura familiar, e adotando como uma de suas prioridades a palmeira do coco babaçu.
"O objetivo da Embrapa Cocais é trabalhar em alternativas de aproveitamento integral do coco, pois as comunidades extrativistas, hoje, só aproveitam a amêndoa. Queremos fazer esse trabalho render mais para as famílias maranhenses, pois as potencialidades do babaçu são inúmeras", ressalat o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cocais, José Mário Frazão, um dos pioneiros do trabalho de pesquisa com babaçu no Estado, lembrando que a palmeira babaçu pode ser transformada em mais de 70 produtos, como óleo, sabonetes, palha para cobrir casas, artesanato e carvão, entre outros.
Quebradeiras
Hoje, no Maranhão, a extração da amêndoa é feita de forma marginal. O trabalho de exploração da palmeira é realizado, principalmente, pelas mulheres, conhecidas como "quebradeiras de coco". Entretanto, a maioria delas –o número total no Estado, pode chegar a 200 mil - ainda não aproveita todo o potencial econômico do babaçu.
A oportunidade trazida pela Embrapa, ao setor agrícola do Maranhão, levou as quebradeiras de coco a começarem a se organizar em associações e passarem a sonhar com um futuro melhor. No Vale do Itapecuru, o projeto de associativismo foi implantado em 2000, com o surgimento da Associação das Quebradeiras de Coco Babaçu de Itapecuru Mirim. Com apoio da Empresa, a associação tem melhorado a economia das famílias que trabalham no campo.
"Começamos praticamente do zero e já temos um grande avanço. Nós, as quebradeiras de coco, compramos esse terreno (em Itapecuru Mirim-MA) e, hoje, temos 32 clubes filiados, que são dos povoados aqui de perto", conta a quebradeira Mariana Ferreira Silva Sousa, de 52 anos.
Na associação, o babaçu foi integrado a atividades da agricultura familiar, como criação de galinha caipira, porcos e produção de hortaliças. Isso porque o beneficiamento integral do coco babaçu gera produtos que são insumos para diversas atividades produtivas. O mesocarpo, por exemplo, serve para compor a ração de galinhas e porcos, enquanto o epicarpo pode ser usado para a queima direta e o endocarpo pode ser transformado em carvão.
"A Embrapa é de suma importância para nós e vem acompanhando nosso movimento. Nós não temos noção da parte tecnológica, temos pouca experiência e a Embrapa está nos dando todo o suporte. A gente agradece do fundo do coração essa parceria", disse a presidente da Associação de Quebradeiras de Itapecuru Mirim, Maria Domingas Marques Pinto.
Luta
Trabalhando nos babaçuais desde que tinha 8 anos, Mariana Sousa lembra do quanto a vida no campo era mais difícil antes que as quebradeiras da associação, com apoio da Embrapa, passassem a trabalhar em conjunto para o aproveitamento total do babaçu.
"Muita mulher vivia naquela luta financeira no interior, vendendo coco por quase nada. Agora, nossa renda aumentou. Não é um aumento grande, mas, para o que era, a gente já teve um grande avanço", afirma Mariana, contando que, antes, todo o trabalho que as quebradeiras tinham não era recompensado com dinheiro. "A gente trocava o quilo da amêndoa por um quilo de alimento. Só de modificar esse sistema de troca, já melhorou. Antes, a gente quebrava um quilo de coco e trocava num quilo de farinha, num quilo de arroz, num quilo de feijão", diz a quebradeira, lembrando que não era possível nem escolher direito o alimento que elas queriam levar. "Como não tinha dinheiro, o comerciante só deixava a gente levar o alimento em troca da amêndoa. Era uma humilhação. Hoje, a gente pode escolher o que quer. Tenho meu dinheiro para pagar meu quilo de carne, para comprar o alimento que eu quero para o meu filho", diz Mariana.
Se antes da associação as amêndoas eram a moeda de troca para os alimentos, para a estrutura das casas das quebradeiras o babaçu de pouco adiantava. Questionadas sobre como as quebradeiras compravam os móveis de suas casas, já que a amêndoa do babaçu era o "dinheiro" da família, a quebradeira Raimunda Silva de Sousa, 52 anos, responde, espantada:
- Mas a gente não tinha móveis, não. Na minha casa eu não tinha nem a cama pra dormir. Comecei a comprar depois que a gente entrou nesse movimento (a associação).
Fora do projeto de associativismo, muitas quebradeiras ainda sofrem trocando o suor de seu trabalho por quilos de alimentos e enfrentam uma vida sem expectativas de melhora.
"Ainda tem muita companheira sofrendo. Passando por tudo igual ao que eu passei, ao que nós passamos", lamenta Mariana, afirmando que, com o trabalho desenvolvido pela Associação das Quebradeiras, viu sua renda aumentar de R$ 60 ou R$ 80 para mais de R$ 500 ao mês.
Sofrimento
Os anos de sofrimento não são facilmente esquecidos pelas quebradeiras que hoje progridem com o fruto de seu trabalho.
"Sou quebradeira desde que nasci. Criei nove filhos assim, quebrando coco, fazendo carvão para vender e sustentar os filhos. Hoje, já não estou mais quebrando o coco porque trabalho aqui na associação e tenho minha rendazinha, que dá para ir comprando meu movelzinho e uma comida melhor", afirma Raimunda, lembrando que a mesa hoje mais farta é novidade para a família. "Na quebra do coco, só se come o quilo de carne dia de domingo. A gente quebra o coco a semana todinha e vai juntando, juntando... Às vezes nem dá (para a carne), pois tem que vender logo (a amêndoa) para comprar aquela coisinha pra comer de noite. Na minha casa foi assim. E eu vi a minha mãe com o mesmo sofrimento", recorda Raimunda.
Mariana, com os olhos ao longe, também parece voltar no tempo e se entristece. "Às vezes, muitas quebradeiras chegavam à tarde com o cofo (cesto) de coco, morta de cansada, com fome, e pedia para o marido vender a amêndoa na mercearia enquanto ela fazia a comida das crianças. O marido, quando vendia o coco, ainda bebia, chegava em casa e, muitas vezes, ainda botava a mulher pra correr", conta, com a aprovação da amiga.
"A vida de uma é a vida de outra. O que acontecia com ela, acontecia comigo e acontece com as outras", comenta Raimunda.
Antes de voltar ao trabalho na associação, Mariana ainda resume a história de tantas mulheres maranhenses:
- É um sofrimento. Muitas vezes eu chorava nos matos e pedia para que Deus desse um jeito para que um dia eu modificasse o meu trabalho. Quantas vezes eu chorei com um cofo de coco nas costas, com o 'buchão' (grávida) caindo aqui, levantando acolá. A gente observa que até as crianças nasciam prejudicadas, por tanta 'saculeja'. Aquela batalha era muito forte, muito dura.
Fonte: Márcia de Faria/Embrapa Cocais/MA
Com cerca de 8 milhões de hectares de babaçuais em seu território, o Maranhão é o estado do Brasil que tem a maior população vivendo da extração do coco babaçu. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 2009, foram coletadas 109.299 toneladas de amêndoas de babaçu, sendo que o principal produtor, o Estado do Maranhão, concentrou 102.777 (95%) do total nacional. Sem tecnologias avançadas ou mesmo infraestrutura, o método de beneficiamento maranhense ainda é rudimentar e essencialmente dependente do trabalho manual de mulheres que enfrentam todas as intempéries do ambiente rural.
Para melhorar essa situação, desde 2000, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa – vem colaborando para melhorar o perfil da produção agrícola no Estado, principalmente em relação ao coco babaçu, riqueza natural maranhense.
Em 2009, a Empresa instalou a unidade Embrapa Cocais em São Luís, com a missão de viabilizar, por meio da pesquisa, desenvolvimento e inovação, soluções para a sustentabilidade da agricultura dos ambientes Cocais e Planícies Inundáveis, com ênfase no segmento da agricultura familiar, e adotando como uma de suas prioridades a palmeira do coco babaçu.
"O objetivo da Embrapa Cocais é trabalhar em alternativas de aproveitamento integral do coco, pois as comunidades extrativistas, hoje, só aproveitam a amêndoa. Queremos fazer esse trabalho render mais para as famílias maranhenses, pois as potencialidades do babaçu são inúmeras", ressalat o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cocais, José Mário Frazão, um dos pioneiros do trabalho de pesquisa com babaçu no Estado, lembrando que a palmeira babaçu pode ser transformada em mais de 70 produtos, como óleo, sabonetes, palha para cobrir casas, artesanato e carvão, entre outros.
Quebradeiras
Hoje, no Maranhão, a extração da amêndoa é feita de forma marginal. O trabalho de exploração da palmeira é realizado, principalmente, pelas mulheres, conhecidas como "quebradeiras de coco". Entretanto, a maioria delas –o número total no Estado, pode chegar a 200 mil - ainda não aproveita todo o potencial econômico do babaçu.
A oportunidade trazida pela Embrapa, ao setor agrícola do Maranhão, levou as quebradeiras de coco a começarem a se organizar em associações e passarem a sonhar com um futuro melhor. No Vale do Itapecuru, o projeto de associativismo foi implantado em 2000, com o surgimento da Associação das Quebradeiras de Coco Babaçu de Itapecuru Mirim. Com apoio da Empresa, a associação tem melhorado a economia das famílias que trabalham no campo.
"Começamos praticamente do zero e já temos um grande avanço. Nós, as quebradeiras de coco, compramos esse terreno (em Itapecuru Mirim-MA) e, hoje, temos 32 clubes filiados, que são dos povoados aqui de perto", conta a quebradeira Mariana Ferreira Silva Sousa, de 52 anos.
Na associação, o babaçu foi integrado a atividades da agricultura familiar, como criação de galinha caipira, porcos e produção de hortaliças. Isso porque o beneficiamento integral do coco babaçu gera produtos que são insumos para diversas atividades produtivas. O mesocarpo, por exemplo, serve para compor a ração de galinhas e porcos, enquanto o epicarpo pode ser usado para a queima direta e o endocarpo pode ser transformado em carvão.
"A Embrapa é de suma importância para nós e vem acompanhando nosso movimento. Nós não temos noção da parte tecnológica, temos pouca experiência e a Embrapa está nos dando todo o suporte. A gente agradece do fundo do coração essa parceria", disse a presidente da Associação de Quebradeiras de Itapecuru Mirim, Maria Domingas Marques Pinto.
Luta
Trabalhando nos babaçuais desde que tinha 8 anos, Mariana Sousa lembra do quanto a vida no campo era mais difícil antes que as quebradeiras da associação, com apoio da Embrapa, passassem a trabalhar em conjunto para o aproveitamento total do babaçu.
"Muita mulher vivia naquela luta financeira no interior, vendendo coco por quase nada. Agora, nossa renda aumentou. Não é um aumento grande, mas, para o que era, a gente já teve um grande avanço", afirma Mariana, contando que, antes, todo o trabalho que as quebradeiras tinham não era recompensado com dinheiro. "A gente trocava o quilo da amêndoa por um quilo de alimento. Só de modificar esse sistema de troca, já melhorou. Antes, a gente quebrava um quilo de coco e trocava num quilo de farinha, num quilo de arroz, num quilo de feijão", diz a quebradeira, lembrando que não era possível nem escolher direito o alimento que elas queriam levar. "Como não tinha dinheiro, o comerciante só deixava a gente levar o alimento em troca da amêndoa. Era uma humilhação. Hoje, a gente pode escolher o que quer. Tenho meu dinheiro para pagar meu quilo de carne, para comprar o alimento que eu quero para o meu filho", diz Mariana.
Se antes da associação as amêndoas eram a moeda de troca para os alimentos, para a estrutura das casas das quebradeiras o babaçu de pouco adiantava. Questionadas sobre como as quebradeiras compravam os móveis de suas casas, já que a amêndoa do babaçu era o "dinheiro" da família, a quebradeira Raimunda Silva de Sousa, 52 anos, responde, espantada:
- Mas a gente não tinha móveis, não. Na minha casa eu não tinha nem a cama pra dormir. Comecei a comprar depois que a gente entrou nesse movimento (a associação).
Fora do projeto de associativismo, muitas quebradeiras ainda sofrem trocando o suor de seu trabalho por quilos de alimentos e enfrentam uma vida sem expectativas de melhora.
"Ainda tem muita companheira sofrendo. Passando por tudo igual ao que eu passei, ao que nós passamos", lamenta Mariana, afirmando que, com o trabalho desenvolvido pela Associação das Quebradeiras, viu sua renda aumentar de R$ 60 ou R$ 80 para mais de R$ 500 ao mês.
Sofrimento
Os anos de sofrimento não são facilmente esquecidos pelas quebradeiras que hoje progridem com o fruto de seu trabalho.
"Sou quebradeira desde que nasci. Criei nove filhos assim, quebrando coco, fazendo carvão para vender e sustentar os filhos. Hoje, já não estou mais quebrando o coco porque trabalho aqui na associação e tenho minha rendazinha, que dá para ir comprando meu movelzinho e uma comida melhor", afirma Raimunda, lembrando que a mesa hoje mais farta é novidade para a família. "Na quebra do coco, só se come o quilo de carne dia de domingo. A gente quebra o coco a semana todinha e vai juntando, juntando... Às vezes nem dá (para a carne), pois tem que vender logo (a amêndoa) para comprar aquela coisinha pra comer de noite. Na minha casa foi assim. E eu vi a minha mãe com o mesmo sofrimento", recorda Raimunda.
Mariana, com os olhos ao longe, também parece voltar no tempo e se entristece. "Às vezes, muitas quebradeiras chegavam à tarde com o cofo (cesto) de coco, morta de cansada, com fome, e pedia para o marido vender a amêndoa na mercearia enquanto ela fazia a comida das crianças. O marido, quando vendia o coco, ainda bebia, chegava em casa e, muitas vezes, ainda botava a mulher pra correr", conta, com a aprovação da amiga.
"A vida de uma é a vida de outra. O que acontecia com ela, acontecia comigo e acontece com as outras", comenta Raimunda.
Antes de voltar ao trabalho na associação, Mariana ainda resume a história de tantas mulheres maranhenses:
- É um sofrimento. Muitas vezes eu chorava nos matos e pedia para que Deus desse um jeito para que um dia eu modificasse o meu trabalho. Quantas vezes eu chorei com um cofo de coco nas costas, com o 'buchão' (grávida) caindo aqui, levantando acolá. A gente observa que até as crianças nasciam prejudicadas, por tanta 'saculeja'. Aquela batalha era muito forte, muito dura.
Fonte: Márcia de Faria/Embrapa Cocais/MA
Com cerca de 8 milhões de hectares de babaçuais em seu território, o Maranhão é o estado do Brasil que tem a maior população vivendo da extração do coco babaçu. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 2009, foram coletadas 109.299 toneladas de amêndoas de babaçu, sendo que o principal produtor, o Estado do Maranhão, concentrou 102.777 (95%) do total nacional. Sem tecnologias avançadas ou mesmo infraestrutura, o método de beneficiamento maranhense ainda é rudimentar e essencialmente dependente do trabalho manual de mulheres que enfrentam todas as intempéries do ambiente rural.
Para melhorar essa situação, desde 2000, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa – vem colaborando para melhorar o perfil da produção agrícola no Estado, principalmente em relação ao coco babaçu, riqueza natural maranhense.
Em 2009, a Empresa instalou a unidade Embrapa Cocais em São Luís, com a missão de viabilizar, por meio da pesquisa, desenvolvimento e inovação, soluções para a sustentabilidade da agricultura dos ambientes Cocais e Planícies Inundáveis, com ênfase no segmento da agricultura familiar, e adotando como uma de suas prioridades a palmeira do coco babaçu.
"O objetivo da Embrapa Cocais é trabalhar em alternativas de aproveitamento integral do coco, pois as comunidades extrativistas, hoje, só aproveitam a amêndoa. Queremos fazer esse trabalho render mais para as famílias maranhenses, pois as potencialidades do babaçu são inúmeras", ressalat o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cocais, José Mário Frazão, um dos pioneiros do trabalho de pesquisa com babaçu no Estado, lembrando que a palmeira babaçu pode ser transformada em mais de 70 produtos, como óleo, sabonetes, palha para cobrir casas, artesanato e carvão, entre outros.
Quebradeiras
Hoje, no Maranhão, a extração da amêndoa é feita de forma marginal. O trabalho de exploração da palmeira é realizado, principalmente, pelas mulheres, conhecidas como "quebradeiras de coco". Entretanto, a maioria delas –o número total no Estado, pode chegar a 200 mil - ainda não aproveita todo o potencial econômico do babaçu.
A oportunidade trazida pela Embrapa, ao setor agrícola do Maranhão, levou as quebradeiras de coco a começarem a se organizar em associações e passarem a sonhar com um futuro melhor. No Vale do Itapecuru, o projeto de associativismo foi implantado em 2000, com o surgimento da Associação das Quebradeiras de Coco Babaçu de Itapecuru Mirim. Com apoio da Empresa, a associação tem melhorado a economia das famílias que trabalham no campo.
"Começamos praticamente do zero e já temos um grande avanço. Nós, as quebradeiras de coco, compramos esse terreno (em Itapecuru Mirim-MA) e, hoje, temos 32 clubes filiados, que são dos povoados aqui de perto", conta a quebradeira Mariana Ferreira Silva Sousa, de 52 anos.
Na associação, o babaçu foi integrado a atividades da agricultura familiar, como criação de galinha caipira, porcos e produção de hortaliças. Isso porque o beneficiamento integral do coco babaçu gera produtos que são insumos para diversas atividades produtivas. O mesocarpo, por exemplo, serve para compor a ração de galinhas e porcos, enquanto o epicarpo pode ser usado para a queima direta e o endocarpo pode ser transformado em carvão.
"A Embrapa é de suma importância para nós e vem acompanhando nosso movimento. Nós não temos noção da parte tecnológica, temos pouca experiência e a Embrapa está nos dando todo o suporte. A gente agradece do fundo do coração essa parceria", disse a presidente da Associação de Quebradeiras de Itapecuru Mirim, Maria Domingas Marques Pinto.
Luta
Trabalhando nos babaçuais desde que tinha 8 anos, Mariana Sousa lembra do quanto a vida no campo era mais difícil antes que as quebradeiras da associação, com apoio da Embrapa, passassem a trabalhar em conjunto para o aproveitamento total do babaçu.
"Muita mulher vivia naquela luta financeira no interior, vendendo coco por quase nada. Agora, nossa renda aumentou. Não é um aumento grande, mas, para o que era, a gente já teve um grande avanço", afirma Mariana, contando que, antes, todo o trabalho que as quebradeiras tinham não era recompensado com dinheiro. "A gente trocava o quilo da amêndoa por um quilo de alimento. Só de modificar esse sistema de troca, já melhorou. Antes, a gente quebrava um quilo de coco e trocava num quilo de farinha, num quilo de arroz, num quilo de feijão", diz a quebradeira, lembrando que não era possível nem escolher direito o alimento que elas queriam levar. "Como não tinha dinheiro, o comerciante só deixava a gente levar o alimento em troca da amêndoa. Era uma humilhação. Hoje, a gente pode escolher o que quer. Tenho meu dinheiro para pagar meu quilo de carne, para comprar o alimento que eu quero para o meu filho", diz Mariana.
Se antes da associação as amêndoas eram a moeda de troca para os alimentos, para a estrutura das casas das quebradeiras o babaçu de pouco adiantava. Questionadas sobre como as quebradeiras compravam os móveis de suas casas, já que a amêndoa do babaçu era o "dinheiro" da família, a quebradeira Raimunda Silva de Sousa, 52 anos, responde, espantada:
- Mas a gente não tinha móveis, não. Na minha casa eu não tinha nem a cama pra dormir. Comecei a comprar depois que a gente entrou nesse movimento (a associação).
Fora do projeto de associativismo, muitas quebradeiras ainda sofrem trocando o suor de seu trabalho por quilos de alimentos e enfrentam uma vida sem expectativas de melhora.
"Ainda tem muita companheira sofrendo. Passando por tudo igual ao que eu passei, ao que nós passamos", lamenta Mariana, afirmando que, com o trabalho desenvolvido pela Associação das Quebradeiras, viu sua renda aumentar de R$ 60 ou R$ 80 para mais de R$ 500 ao mês.
Sofrimento
Os anos de sofrimento não são facilmente esquecidos pelas quebradeiras que hoje progridem com o fruto de seu trabalho.
"Sou quebradeira desde que nasci. Criei nove filhos assim, quebrando coco, fazendo carvão para vender e sustentar os filhos. Hoje, já não estou mais quebrando o coco porque trabalho aqui na associação e tenho minha rendazinha, que dá para ir comprando meu movelzinho e uma comida melhor", afirma Raimunda, lembrando que a mesa hoje mais farta é novidade para a família. "Na quebra do coco, só se come o quilo de carne dia de domingo. A gente quebra o coco a semana todinha e vai juntando, juntando... Às vezes nem dá (para a carne), pois tem que vender logo (a amêndoa) para comprar aquela coisinha pra comer de noite. Na minha casa foi assim. E eu vi a minha mãe com o mesmo sofrimento", recorda Raimunda.
Mariana, com os olhos ao longe, também parece voltar no tempo e se entristece. "Às vezes, muitas quebradeiras chegavam à tarde com o cofo (cesto) de coco, morta de cansada, com fome, e pedia para o marido vender a amêndoa na mercearia enquanto ela fazia a comida das crianças. O marido, quando vendia o coco, ainda bebia, chegava em casa e, muitas vezes, ainda botava a mulher pra correr", conta, com a aprovação da amiga.
"A vida de uma é a vida de outra. O que acontecia com ela, acontecia comigo e acontece com as outras", comenta Raimunda.
Antes de voltar ao trabalho na associação, Mariana ainda resume a história de tantas mulheres maranhenses:
- É um sofrimento. Muitas vezes eu chorava nos matos e pedia para que Deus desse um jeito para que um dia eu modificasse o meu trabalho. Quantas vezes eu chorei com um cofo de coco nas costas, com o 'buchão' (grávida) caindo aqui, levantando acolá. A gente observa que até as crianças nasciam prejudicadas, por tanta 'saculeja'. Aquela batalha era muito forte, muito dura.
Fonte: Márcia de Faria/Embrapa Cocais/MA
Os serviços veterinários do Paraguai iniciaram nesta segunda-feira (9/1) o sacrifício de mais de cem cabeças de gado para isolar um foco de febre aftosa detectado no departamento de San Pedro, quatro meses após outro caso reportado nesta área. Ao todo, serão sacrificados 154 bois da fazenda Nazareth, em Aguaray Amistad.

A medida sanitária também inclui nove cabeças de gado e cinco porcos de dois estabelecimentos vizinhos à fazenda, onde em 2 de janeiro foi confirmado o surgimento da doença.

Os animais são sacrificadas a tiros com uma "espingarda sanitária" e seus corpos são levados a uma fossa de 100 metros de comprimento, 3 metros de largura e 4 metros de profundidade, escavada na propriedade afetada com equipamentos do Ministério de Obras Públicas.

As operações, que contam com o apoio de agentes das Forças Armadas e da polícia, são realizadas a 15 quilômetros de outra fazenda onde em setembro passado foram sacrificados 820 bois depois da detecção dessa doença.

O aumento do número de casos de febre aftosa obrigou o governo a declarar em 4 de janeiro o estado de emergência sanitária animal na região afetada, assim como a ativação do Sistema Nacional de Emergência Sanitária Animal (Sinaesa).

O Paraguai, oitavo exportador mundial de carne bovina, com um rebanho de 12,5 milhões de cabeças, encontra-se em processo de estabilização de seus embarques, que haviam sido interrompidos de maneira preventiva em setembro passado.

A febre aftosa, que não afeta os humanos, ataca bovinos, ovinos, suínos, caprinos e outros ruminantes.

Os serviços veterinários do Paraguai iniciaram nesta segunda-feira (9/1) o sacrifício de mais de cem cabeças de gado para isolar um foco de febre aftosa detectado no departamento de San Pedro, quatro meses após outro caso reportado nesta área. Ao todo, serão sacrificados 154 bois da fazenda Nazareth, em Aguaray Amistad.

A medida sanitária também inclui nove cabeças de gado e cinco porcos de dois estabelecimentos vizinhos à fazenda, onde em 2 de janeiro foi confirmado o surgimento da doença.

Os animais são sacrificadas a tiros com uma "espingarda sanitária" e seus corpos são levados a uma fossa de 100 metros de comprimento, 3 metros de largura e 4 metros de profundidade, escavada na propriedade afetada com equipamentos do Ministério de Obras Públicas.

As operações, que contam com o apoio de agentes das Forças Armadas e da polícia, são realizadas a 15 quilômetros de outra fazenda onde em setembro passado foram sacrificados 820 bois depois da detecção dessa doença.

O aumento do número de casos de febre aftosa obrigou o governo a declarar em 4 de janeiro o estado de emergência sanitária animal na região afetada, assim como a ativação do Sistema Nacional de Emergência Sanitária Animal (Sinaesa).

O Paraguai, oitavo exportador mundial de carne bovina, com um rebanho de 12,5 milhões de cabeças, encontra-se em processo de estabilização de seus embarques, que haviam sido interrompidos de maneira preventiva em setembro passado.

A febre aftosa, que não afeta os humanos, ataca bovinos, ovinos, suínos, caprinos e outros ruminantes.

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