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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Biblioteca Arthur Vianna tem rico acervo com a história de Belém

A cidade de Belém comemora 396 anos nesta quinta-feira (12) como um dos berços da cultura amazônica contemporânea. Quase 250 anos depois de sua fundação, no ano de 1871 a cidade presenciou a inauguração da primeira biblioteca pública estadual, que viria a ser a atual Biblioteca Pública Arthur Vianna. Com esses 140 anos de história, o espaço é um dos pontos de referência para quem quer conhecer mais sobre a cultura de Belém.

A biblioteca tem diversos títulos e volumes de livros e periódicos sobre a cidade, divididos pelas seções Obras do Pará, Obras raras, Referência e Circulante. São livros como “Santa Maria do Grão-Pará”, escrito por Leandro Tocantins e que apresenta descrições de uma Belém de 1963, com apenas 400 mil habitantes. Aspectos da cidade como a culinária local, construções históricas e manifestações populares são abordadas na obra.

“Santa Maria de Belém do Grão-Pará, cidade que rescende a aromas de mato e a sortilégio de puçanga. Cidade onde o português e o índio deixaram a marca predominante de sua cultura. Cidade bem traçada, de ruas amplas, caminhando por debaixo de mangueiras maternais, grandes praças, boa edificação que dia a dia ganha novos ritmos e formas”, é um dos relatos sobre a cidade escritos por Leandro Tocantins.

A análise literária do autor, feita na década de 1960, seguiu como uma verdade, e a cidade de fato ganhou novos ritmos e formas, edificou arranha-céus e expandiu bairros. Para o bem da memória local, antes de se fazerem completas as mudanças no cenário, Belém deixou registros visuais guardados em livros como “Belém da saudade – A memória de Belém do início do século em cartões-postais”.

O livro guarda postais de avenidas, ruas, travessas, praças, bares, palacetes e mesmo ilhas, que ilustram uma Belém com transeuntes vestindo terno branco e chapéus coco, passando por detrás de charretes e por cima de ruas formadas por paralelepípedos. A obra basicamente iconográfica foi criada a partir de coleções de colaboradores como o atual secretário de Cultura, Paulo Chaves, além de João Batista Monteiro da Silva, Yolanda Ribeiro e Márcio Meira, dentre outros.

Outras obras presentes no acervo oferecem uma perspectiva da evolução histórica no cenário urbano, cultural e político da cidade, tais como: “História geral de Belém e do Grão-Pará”, de Carlos Rocque; “Calendário Histórico de Belém: 1616 – 1946”, de Orlando L. M. de Moraes Rego; “História de Belém”, de Ernesto Cruz; e “Evolução Histórica de Belém do Grão-Pará”, de Augusto Meira Filho.

Crônicas –Não só de relatos históricos se reconstrói a história da capital paraense: as crônicas de escritores como José Sampaio de Campos Ribeiro são uma janela para a Belém da primeira metade do século XX. No livro “Gostosa Belém de outrora...”, o autor descreve figuras atípicas que frequentavam as ruas da cidade na época, conta causos como o de reuniões que aconteciam em uma casa na Boaventura da Silva para discutir os rumos da Primeira Guerra Mundial e registra manifestações populares da época.

“À límpida luz matinal das primeiras horas, dois domingos após a Quinta-Feira da Ascensão, anualmente, o bairro da Cidade Velha assiste aos acórdes nem sempre afinados de improvisado conjunto de trombone (ou piston), saxofone, banjo e surdo, ou mesmo caixa de banda marcial, que executa o hino ‘Queremos Deus’, à passagem de melancólico e ralo cortejo religioso que lá se vai, rua Dr. Assis acima, rumo à Estrada Nova”, é um dos trechos da crônica “Mastros Votivos de Outrora”, de Campos Ribeiro.

Outra fonte literária para visões históricas de Belém é o livro “Crônicas de rua - Memórias de um repórter de polícia”, do paraense Ildefonso Guimarães. A obra foi lançada em 2011 pelo selo literário que recebe o nome de Ildefonso e que foi criado pela Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves para reedição de obras clássicas da literatura paraense e lançamento de obras inéditas de autores locais.

“Crônicas de rua” reúne textos que nunca haviam sido publicados por Ildefonso e apresentam nítidos traços da “modernidade” literária do autor, visível em aspectos como a escolha da cidade e dos fatos do meio urbano como cenário e contexto para os contos e relatos, em plena metade do século XX. Os textos do escritor - que viveu grande parte da vida na cidade de Óbidos - mostram ainda uma visão jornalística do cotidiano belenense, com uma objetividade que muito se assemelha com o estilo de escritores como Machado de Assis.

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