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sábado, 26 de novembro de 2011

Mais de 61% dos eleitores rejeitam a divisão

Duas semanas após o início da propaganda do plebiscito em TV e rádio, a maioria dos eleitores do Pará continua rejeitando a divisão do Estado. Segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem, 62% dos eleitores paraenses são contra a divisão do Pará para a criação do Estado do Carajás e 61% são contra a criação do Estado do Tapajós.

Em relação à pesquisa anterior, divulgada no último dia 11, houve um pequeno aumento da rejeição aos novos Estados. A oscilação, porém, está dentro da margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Foram entrevistados 1.015 eleitores entre os dias 21 e 24 de novembro. A pesquisa foi registrada no TSE com o número 50.287/2011.

A propaganda do plebiscito na TV e no rádio ainda não foi capaz de causar alterações significativas nas intenções de voto dos eleitores paraenses. Em 11 de dezembro, eles irão às urnas decidir se querem que o Pará se separe e dê origem a mais outros dois Estados: Carajás (sudeste) e Tapajós (oeste).

Na região do chamado Pará remanescente está a maior resistência aos novos Estados: 85% são contra o Carajás e 84% são contra o Tapajós. Entre os eleitores do Carajás, 16% são contra o novo Estado. No Tapajós, 24% são contrários.

As frentes contrárias à divisão comemoram os dados da pesquisa do Datafolha, enquanto as frentes favoráveis reagem com desconfiança. “A diferença está dentro da margem de erro, mas nos causou surpresa pelas manifestações que estamos recebendo e afirmo que a pesquisa não vai mudar nossa estratégia”, afirma o presidente da Frente pró Carajás, deputado João Salame. Segundo o deputado, até na capital e região metropolitana, o sentimento que se percebe é que a diferença está diminuindo favorável à criação dos novos estados.

DIFERENÇA

Celso Sabino, que preside a Frente contra o Tapajós, comemora o fato da diferença entre os partidários do “sim”. Ele enfatiza que agora os dados mostram que a diferença é mais que o dobro, já que os contra o Tapajós são agora 61% em relação aos 58% da primeira pesquisa.

O deputado acredita que a programação gratuita na mídia levou a discussão para os mais longínquos recantos do Pará, inclusive, nas regiões oeste e sudeste, cuja população tem acesso agora às informações das outras frentes pela união do Pará. “Estamos confiantes que esta diferença vai aumentar até o dia do plebiscito. A vitória do Pará unido é certa”, ressalta.

Mas o presidente da Frente pró Tapajós, Joaquim Lira Maia, vê a pesquisa com ceticismo pelo fato de o Datafolha ser um instituto paulista e, segundo Maia, o Estado de São Paulo está contra a criação de novos Estados. Para ele, o que se poderia constatar com estes dados é que os programas na TV e rádio não surtiram nenhum efeito sobre a população e isto não é o que as pesquisas internas das frentes constatam. “Vamos continuar seguindo com a mesma euforia. Os números que acompanhamos mostram que estamos no caminho certo”, acentua.

O presidente da Frente contra Carajás, Zenaldo Coutinho, não atendeu aos telefonemas da reportagem. A pesquisa foi encomendada em uma parceria entre Folha, TV Liberal e TV Tapajós.

Estados já nasceriam com déficit, diz Idesp

O Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp) divulgou ontem mais um estudo com as simulações possíveis em relação à divisão do Estado do Pará, com a criação dos estados de Carajás e Tapajós. Alguns dos dados apontam que os dois novos estados e mais o Pará remanescente já nasceriam deficitários.

O Pará sairia de uma realidade de superávit de R$ 277 milhões e passaria a um Pará remanescente com um déficit de R$ 778 milhões, situação idêntica aos dos novos estados, com o Tapajós apresentando um déficit R$ 964 milhões e o Carajás registraria o maior saldo negativo, estimado em R$ 1,9 bilhão.

O estudo do Idesp mostra que, no que diz respeito ao equilíbrio financeiro, estimou-se uma despesa fixa de R$ 1,4 bilhão, que independe do tamanho populacional e do Produto Interno Bruto (PIB) gerado pelo estado. De acordo com o Instituto, a proposta de divisão não é relevante como solução para os problemas regionais existentes, pois apesar da possibilidade de incrementos nos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE), bem como do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para alguns municípios, o saldo entre receita e despesa seria deficitário.

Ainda segundo o levantamento feito pelo Idesp, esses desequilíbrios financeiros acarretariam sérias implicações para a construção da infraestrutura desses estados, para o atendimento à população por equipamentos públicos referentes a educação, saúde, segurança, dentre outros, e para os investimentos necessários à promoção do desenvolvimento econômico e social.

ALERTA

Os pesquisadores alertam, no entanto, que a inexistência de debates ou audiências prévias que apoiem ou esclareçam essa proposta dificulta a discussão de indicadores sociais, econômicos, financeiros e ambientais que sustentem o debate principal: a unidade ou divisão do Estado e o bem-estar da população.

O estudo considerou aspectos legais e científicos que permitiram a organização, a avaliação e a sistematização de informações estatísticas e cartográficas, além de simulações da despesa total, da arrecadação total, dos repasses do Fundo de Participação do Estado e do Distrito Federal (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), informações que somadas subsidiam a tomada de decisão da população no plebiscito do próximo dia 11.

“Os resultados mostraram a importância de se observar algumas questões: o processo de federalização do Pará é de grande relevância, pois suas consequências são automaticamente transpostas para os novos estados, visto que historicamente os grandes planos e projetos federais cujos desdobramentos são permanentes – abertura de rodovias federais e seus desdobramentos na colonização e na política agrária (BR-010 e BR-230), o Polamazônia, o Programa Grande Carajás, a implantação da Hidrelétrica de Tucuruí, entre outros – não levaram em conta os planos e projetos de desenvolvimento local”, diz a pesquisa.

Frentes fazem campanha em Icoaraci e Castanhal

A Frente Contra a Criação do Carajás fará programação, na manhã de hoje, em Icoaraci, a partir das 7h, com trio elétrico e carreata. A movimentação começa na Feira 8 de Maio e depois se estende ao sinal de quatro tempos da Agulha, onde será feito corpo a corpo com eleitores e panfletagem, além de distribuição de adesivos.

Na parte da tarde, a partir das 15h30, a movimentação continua na área, saindo da feira da 8 de Maio em direção ao Paracuri e para a orla de Icoaraci.

No domingo, haverá mais uma carreata com concentração a partir das 8h na rodovia Augusto Montenegro, em frente ao Estádio Olímpico Mangueirão, com saída às 9h. A carreata seguirá em direção ao Entroncamento e a dispersão ocorrerá no Largo de São Brás, na José Bonifácio com a Magalhães Barata.

Na carreta, os veículos percorrerão cerca de 20 quilômetros, saindo da Augusto Montenegro, passando pelas avenidas Pedro Álvares Cabral, Doca de Souza Franco, Marechal Hermes, Presidente Vargas, Nazaré, Magalhães Barata, Almirante Barroso, Cipriano Santos, travessa Nina Ribeiro, Ceará e Almirante Barroso até o Largo de São Brás.

TAPAJÓS

A frente em defesa do Pará contra o Estado do Tapajós realiza, hoje pela manhã, uma grande caminhada no município de Castanhal, em mais uma ação de mobilização popular que percorrerá as ruas centrais da cidade.

A concentração acontecerá na Praça da Igreja Matriz, na esquina da avenida Barão do Rio Branco com Quintino Bocaiúva, com saída prevista para às 8h. Depois da caminhada, o deputado estadual Celso Sabino, que preside a frente, e outros diretores participarão de uma série de reuniões com lideranças locais.

À noite, com início previsto para as 19h, a frente fará uma mobilização no Bengui. O encontro acontecerá na Praça Maria de Jesus, que fica na rua São Bento, esquina com a rua Betânia.

Ações em Conceição do Araguaia e redes sociais

A comissão que atua em Conceição do Araguaia pela criação do Estado de Carajás promove, neste final de semana, um extenso cronograma de atividades. O objetivo é esclarecer ao eleitorado sobre as normas vigentes para votação e pedir para optarem pelo “sim” .

Hoje, os integrantes da Comissão visitam o vilarejo Joncon, onde haverá reunião com a comunidade. Amanhã, pela manhã, aproveitando a grande movimentação de transeuntes na feira coberta, os membros farão um arrastão naquele local. Amanhã à noite os ativistas vão visitar igrejas evangélicas .

Em Marabá, hoje pela manhã, está programada uma caminhada. A concentração será próxima ao aeroporto, no núcleo Cidade Nova, a partir das 9h.

Por telefone, o deputado João Salame, que comanda a Frente Pró-Carajás em Marabá, negou as informações referentes à possível saída de Duda Mendonça da Campanha do “sim”. “ Não existe nenhuma possibilidade de ele sair. Nós estamos e ele também está satisfeito com os resultados”.

TAPAJÓS

A aproximação do dia do plebiscito motivou centenas de membros de redes sociais a apoiar a campanha do “sim”. Diversas mensagens de apoio à campanha podem ser observadas em sites de relacionamento, como Orkut, Twitter e Facebook.

Em Santarém, foram criados no Facebook diversos grupos como “Quero Estado do Tapajós”, “Amigos Tapajônicos em Manaus” e “Tapajós Já”. Para os membros das redes sociais, a criação do Estado do Tapajós vai ser a consolidação de ações reais para o desenvolvimento da região. “Todos os dias temos que lutar para que o amor à humanidade viva, se transforme em ações reais e em atos que sirvam como exemplo, para a mobilização”, declara o membro do grupo Quero Estado do Tapajós, Douglas Coelho.

Cerca de 1.000 pessoas, segundo a coordenação do Comitê Pró-Estado do Tapajós, realizaram na manhã de ontem, na avenida Tancredo Neves, no bairro da Nova República, uma caminhada a favor do “sim”. (Diário do Pará)

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