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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Braga defende construção de ponte sobre rio Solimões no Amazonas

Muito se especula sobre a construção da Ponte Rio Negro. O idealizador da obra, atual senador pelo Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), concedeu entrevista ao portalamazonia.com, onde conta como a ideia do empreendimento surgiu, explica o alto custo da edificação, fala das próximas eleições e analisa a viabilização de outra construção ousada: a ponte sobre o rio Solimões. Confira a entrevista:

Quando foi que o senhor percebeu que seria possível construir a Ponte Rio Negro?

Estudamos a Ponte Rio Negro durante cinco anos a partir de 2003. O primeiro anteprojeto sobre a importância da Ponte veio quando fizemos a primeira ação do programa Zona Franca Verde, que incluía o cabo subaquático de energia, que interliga Manaus com Iranduba e a construção de uma subastação de energia ao longo da AM-070 para estabilizar a energia elétrica para Polo de olarias e de cerâmicas em Iranduba.

Essa ampliação do Parque gerador de energia elétrica também passa, obrigatoriamente, pela construção do gasoduto Coari-Manaus. A Ponte entra como uma obra estruturante para consolidação de algo que se transformou em um marco regulatório a partir de 2005, que foi a Região Metropolitana.

Criamos a Região Metropolitana, essa infraestrutura, projetamos e viabilizamos a Ponte. Ao mesmo tempo asfaltamos e ampliamos a malha viária do outro lado. Asfaltamos as estradas de Novo Airão, ampliamos a estrada de Iranduba e asfaltamos e alargamos várias estradas que ligam Manacapuru.

Portanto, a Ponte foi estudada no planejamento macro econômico, social, ambiental e de interiorização da geração de emprego e renda desde 2003. A partir daí, a Ponte ganhou estruturação no meu pensamento. Ela se materializou em 2007. Eu não acreditava que seria possível apresentar a Ponte ainda na eleição de 2006 em função da ousadia do projeto. Poderia parecer uma falsa promessa. Ganhamos a reeleição sem se quer falar sobre a ponte. Após a eleição, apresentamos o projeto ao ex-presidente Lula e ao povo do Amazonas. Aí sim, ela se materializou como obra pública.

Logo que o senhor levou a ideia ao Governo Federal, houve receptividade?

Foi amor à primeira vista. Quando o Lula olhou o projeto da Ponte, ele se encantou. Ao longo dos oito anos, que passei no Governo, mantive uma relação muito interessante com o presidente. A gente conseguia sonhar juntos grandes e ambiciosos projetos e junto com a presidente Dilma (na época ministra de Minas e Energia ou da Casa Civil) foi possível transformar esses sonhos em realidade. Por exemplo, o Gasoduto, a Ponte, o Proama, o Prosamim e outros projetos.

A partir daí, todas as vezes que eu encontrava com o presidente, ele me perguntava sobre a Ponte. Em todas as idas dele ao Amazonas, visitava o andamento das obras da Ponte, tanto que foi a única inauguração que ele foi depois que deixou a presidência da República.

Atualmente, depois da obra pronta, várias pessoas querem ser “pais e mães da construção”. Quem realmente contribuiu no projeto inicial para que a obra se concretizasse?

Muita gente. Essa obra não seria possível sem a participação de muitas pessoas. Acabei de citar o ex-presidente Lula e a presidente Dilma. É importante destacar o papel do Omar. Não conseguimos concluir a Ponte até a minha saída do Governo. Omar se elegeu com o compromisso de dar a continuidade a esse projeto de desenvolvimento sustentável do Estado do Amazonas. A Ponte é uma ação de sustentabilidade em função da ampliação da Zona Franca e da extensão dos polos industriais e das atividades econômicas.

Eu preciso agradecer aos engenheiros, projetistas, trabalhadores; ao Magno que coordenou a Unidade Gestora da Ponte; á doutora Marta que foi muito importante ao longo desse projeto; ao doutor Catão que é o projetista da Ponte; à Secretaria de Infraestrutura que participou da configuração não do projeto da Ponte em si, mas ao redor da obra; ao José Melo, atual vice-governador, que foi Secretario de Governo na minha gestão e aos órgãos ambientais que contribuíram com as licenças.

Fazer uma obra dessa envergadura, dessa ousadia na Amazônia – pela primeira vez uma Ponte atravessando um dos principais rios da bacia hidrográfica da Amazônia – só com ajuda de muitos. Mas, ajuda maior é de Deus. Sem Ele não seria possível. É tanto que quero fazer justiça a todos os agentes importantes e compartilhar com eles esse sonho de forma igualitária.

Creio que essa obra não está acabada, ela vem agora com duplicação da AM-070 até Manacapuru. Depois terá a construção dos cabos de fibra ótica que vão interligar banda larga, telefonia fixa e TV por assinatura até Manacapuru e Novo Airão.

Há obras na área estruturante industrial como Polo Naval, Cerâmico e Turístico. Recentemente, o governador Omar Aziz inaugurou uma obra muito importante, fruto de uma parceria pública e privada com o grupo Mário Guerreiro na área de juta e malva. Essa obra não seria possível sem a Ponte que interliga Manaus e a Zona Franca com Polo de Manacapuru. Portanto, tenho certeza que isso vai render muito debate.

Como o senhor vislumbra a Região Metropolitana após a construção da Ponte Rio Negro?

Eu acho que a Ponte é a obra estruturante que vai dar dinâmica econômica sem precedentes do outro lado do rio. Vamos ter construção de casas populares, de indústrias, extensão da Zona Franca de Manaus para Região Metropolitana. Vamos ter um Polo Industrial vigoroso em torno da juta e da malva. Óbvio que isso vai valorizar nossos produtos. Vamos poder finalmente agregar valor ao peixe da Amazônia porque indústrias de beneficiamento de pescado poderão ser instaladas em Iranduba, Manacapuru e Itacoatiara voltadas para o filetamento e tratamento industrial do peixe. Isso tudo vai gerar emprego e renda tanto para quem faz a pescaria como para aquele que transporta, empacota e beneficia o arranjo produtivo industrial.

Portanto, esse é um passo gigantesco que nós estamos dando, mas que leva tempo pra amadurecer. Não poderíamos falar em extensão da Zona Franca para Região Metropolitana, se nós não tivéssemos, hoje, com tantas ações estruturantes acontecendo. A Ponte é parte dessas ações, o gasoduto, o linhão Tucuruí-Manaus. O Linhão Manaus-Girau e Santo Antônio passando por Nova Olinda é fundamental para que a gente possa pegar silvinita, que é maior reserva que identificada no Amazonas e transformá-la em grande polo de produção de cloro, de potássio e de solda cáustica.

Precisamos capacitar nosso povo tecnologicamente para os novos desafios, para isso precisamos contar muito com investimentos públicos e privados de capacitação de mão de obra.

Há muitas críticas sobre o valor da obra, fechado em R$ 1 bilhão. A que o senhor atribui o custo tão elevado?

Primeiro: esse não é valor da Ponte. Esse é valor do sistema todo. Temos nove quilômetros de rodovia do outro lado do rio que sofreu uma elevação de quase seis metros de aterro. Do lado de cá, temos mais de um quilômetros e meio de estradas que foram construídas com desapropriações, interferências e intercorrências. Tudo isso está dentro do custo. Além disso, temos todas as defensas dos pilares que possibilita a navegação de transatlânticos debaixo da Ponte.

Também está dentro desse custo toda parte de sinalização e iluminação cênica faz parte do projeto. Toda iluminação pública de 11 quilômetros de sistema viário bem como da Ponte são quase quatro quilômetros.

A Ponte em si não custou 700 milhões de reais. Agora, foram feitas todas as obras necessárias para não acontecer com a Ponte Rio Negro o que aconteceu com a ponte em Natal, em que a obra ficou pronta, mas não tinha sistema viário para alimentá-la.

Ás vezes a pessoas criticam sem saber. Tenho consciência de que fizemos o esforço máximo. Saí do Governo com critério absolutamente transparente de pagamentos das contas da ponte. Isso é publico e notório. Não demos nenhum passo sem que ouvíssemos o Tribunal de Contas do Estado com absoluta transparência para que não ficasse nenhuma dúvida. Sabíamos que a obra era ousada e de grande custo, mas que tem soluções de engenharia que possibilitam sonhar em construir uma ponte sobre o rio Solimões e finalmente interligar América do Sul, desde da Venezuela até argentina, passando pelo eixo que é Manaus.

O senhor acredita que será possível construir a Ponte Rio Solimões?

Do ponto de vista da engenharia é. Será uma ponte mais ousada e complicada de ser feita. O solo do rio Solimões é pior do que o rio Negro. A formação geológica do rio Solimões é mais sedimentar. O Solimões é um rio mais jovem. Mas é uma necessidade e nós vamos ter que enfrentar. O Amazonas está dando passos ousados. Isso faz com que o Estado se insira de uma forma definitiva na economia nacional e na economia do Continente Americano.

O senhor será candidato à Prefeitura de Manaus?

Eu só trato de eleições no ano que vem!

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