Quando disse na semana passada que o Brasil não venceria a Fifa, o secretário geral da entidade, Jérôme Valcke, não estava com brincadeira. A intensa articulação política comandada pelo dirigente nos últimos dias a respeito da Lei Geral da Copa dá sinais de ter sido bem sucedida. Ontem, o relator da lei na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP), admitiu, por exemplo, que vai incluir no texto uma das principais exigências da Fifa: a liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios da Copa.
“Falei para o secretário (Valcke) que vamos trabalhar para incluir a permissão de venda de bebidas alcoólicas no texto da Lei Geral da Copa. Assim, não seria necessário revogar com cada um dos Estados que têm essa proibição”, explicou o parlamentar, que participou ontem de visita às obras do Itaquerão, estádio do Corinthians que receberá a partida de abertura do Mundial.
Para facilitar a aceitação do texto tanto no Congresso quanto entre a opinião pública, Cândido sugeriu que a Fifa se envolva em algumas causas sociais. Uma das propostas apresentadas a Valcke é trocar ingressos – daqueles jogos com apelo menor – por armas de fogo, o que incentivaria a campanha nacional do desarmamento. “Levei a ideia ao senhor Valcke e ele se mostrou bastante aberto e até mesmo favorável à iniciativa”, observou o deputado.
Cuidado.Uma da missões atribuídas a Valcke na atual visita ao País é estancar o uso político que o Mundial passou a ter por aqui. A pessoas próximas, o presidente da entidade, Joseph Blatter, cansou de argumentar que o conteúdo da Lei Geral da Copa está definido desde 2007, quando o Brasil foi confirmado como sede do evento. Para o cartola, toda polêmica na qual se tornou o documento é fruto de agitação sem qualquer embasamento técnico.
Por isso a passagem de Valcke pelo Brasil tem sido marcada pela discrição e pelos contatos com políticos. Ontem, em São Paulo, o dirigente deixou de lado as pautas técnicas, nas quais tratava de estádios e infraestrutura, para dedicar-se às discussões sobre a Lei. Valcke quer garantir o apoio político necessário em cada uma das 12 sedes do Mundial para que o texto final do documento preserve a autonomia da Fifa na organização do evento.
Valcke participará de reuniões hoje em Brasília. Uma delas deve ser com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Espera-se que o dirigente da Fifa dê entrevista para falar sobre seu encontros no Brasil.
Passeio. Ontem, uma comissão de deputados, entre eles o ex-atacante Romário, esteve em Itaquera para visitar as obras do futuro estádio corintiano. O grupo saiu da estação da Luz, no centro da capital, no trem expresso que faz o trajeto em 17 minutos. Romário não chegou a participar da visita, pois sentiu-se mal na viagem. “Deve ter sido alguma coisa que comi”, comentou.
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