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sábado, 17 de setembro de 2011

A História do Prêmio Márcio Ayres Para Jovens Naturalistas


José Márcio Ayres pesquisador especialista em
 primatas e biologia da conservação

Como um concurso evoluiu para um processo educativo

O Prêmio José Márcio Ayres Para Jovens Naturalistas - PJMA foi lançado há oito anos pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e a Conservação Internacional (CI – Brasil) como uma estratégia de divulgação científica do projeto Biota Pará, que entre outros resultados formulou a lista de espécies ameaçadas do Pará (a primeira da Amazônia), apontou as áreas críticas para conservação e avaliou os fragmentos florestais da área mais desmatada na Amazônia.

Inspirado inicialmente no Prêmio Jovem Cientista, o Prêmio Márcio Ayres trilhou um caminho que o transformou em algo além de um concurso. A ação tornou-se um processo educativo. Sua meta, despertar nos estudantes o interesse pela ciência e pela biodiversidade amazônica, fez a comissão organizadora da premiação tatear diferentes estratégias para atingir estudantes, envolvendo seu entorno e tentando superar desafios como a falta de literatura sobre o tema biodiversidade da Amazônia direcionada para o universo escolar.

Para alcançar seu público, a organização do PJMA mobilizou secretarias de educação, diretores de escolas, professores, alunos, veículos de comunicação, universidades e organizações não governamentais; adquiriu e distribuiu livros para escolas pólos; organizou manual de pesquisa para estudantes e guias para professores; investiu em oficinas de capacitação de professores e jornadas de mobilização nos municípios; organizou feiras de metodologias, coleções e resultados de pesquisa de biodiversidade; promoveu excursões no estuário de Belém e na estação Científica Ferreira Penna na Floresta Nacional de Caxiuanã e promoveu campanha de divulgação em rádio e televisão.

O resultado disso foi uma mobilização em 12 municípios do estado, a capacitação de cerca de 180 professores e a expansão do olhar para a natureza de jovens pesquisadores. Foram quase 30 estudantes premiados e vários outros mobilizados pela pesquisa científica, o que alterou as mentes, vontades e sonhos de vários participantes, que almejaram ser os novos naturalistas do século XXI (clique aqui e conheça as histórias de alguns desses jovens).

O Prêmio Para Jovens Naturalistas homenageia e se inspira no biólogo paraense José Márcio Corrêa Ayres, falecido em 2003, considerado um dos mais respeitados especialistas em primatas e um dos cientistas mais importantes no mundo na área de Conservação da Biodiversidade. Ele trabalhou em instituições como o Museu Goeldi, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Wildlife Conservation Society. Ayres também foi o responsável pela criação da primeira reserva de desenvolvimento sustentável no Brasil, surgida nas matas de várzea do rio Mamirauá, no Amazonas. Na reserva de Mamirauá, o biólogo encontrou o primata uacari-branco, uma espécie que se acreditava extinta desde o século 19.

1ª edição - A primeira edição do PJMA aconteceu em 2003 com a participação de vários estudantes de municípios distantes da região metropolitana de Belém. Foram onze finalistas que, no ano seguinte, tiveram a oportunidade de conhecer a Estação Científica Ferreira Penna do Museu Goeldi, situada na Floresta Nacional de Caxiuanã na região do Marajó, Pará. Uma aluna e seu orientador também foram premiados com uma viagem às Reservas de Mamirauá e Amaná em Tefé, no Amazonas.

Dos três colocados, dois foram do município de Acará: Raimundo Oliveira Belém e Joel Júnior dos Santos Rodrigues da Escola Felipe Patroni. Raimundo foi o único colocado do Ensino Fundamental, com o estudo de levantamento de cupins que estariam causando danos nas residências da cidade. Joel também fez um levantamento, que lhe rendeu o segundo lugar do Ensino Médio, das espécies de peixes capturados nos igarapés do Acará.

O primeiro lugar do Ensino Médio ficou com Kauê Machado Costa, do Sistema de Ensino Universo em Belém, que realizou uma pesquisa sobre a diversidade e o comportamento das garças encontradas na Praça Batista Campos. Ele identificou as espécies garça-moura, garça-moura-pequena, socozinho e garça-branca-grande. Em 2004, dividiu seus conhecimentos sobre a garça-branca-grande ao lado de especialistas em uma palestra no dia 8 de maio, o Dia Mundial das Aves Migratórias.

2ª edição – Em 2004, a coordenação do Prêmio organizou as Oficinas de Capacitação em Ensino da Biodiversidade, nas cidades-pólo do Pará: Marabá, Santarém, Castanhal e Belém. Durante os meses de agosto e setembro, mais de 120 professores da rede pública municipal e estadual foram capacitados para apresentar a biodiversidade aos alunos do lado de fora da sala de aula. Grande parte dos participantes orientou trabalhos para o PJMA daquele ano, incentivando a pesquisa em biodiversidade amazônica nos parques, praças, bosques, rios, canais urbanos, etc. pelos quais os estudantes passaram a ter olhares diferentes. O reflexo destas oficinas pôde ser visto na qualidade dos trabalhos apresentados nesta edição. Além dos seis trabalhos premiados, outros seis tiveram menção honrosa.

O primeiro lugar do Ensino Fundamental ficou com o grupo Maykon Rodrigo da Paixão, Pámela de Cássia Macena e Rafael dos Reis, da Escola Estadual Albino Cardoso, da cidade de Bragança. Eles investigaram os poliquetas, anelídeos aquáticos, que podem servir como bioindicadores de poluição na Vila de Caratataeua.

O segundo lugar foi de Kelly Dayane Silva, Levziane Bezerra e Luann Gabriel Cordovil, da Escola Estadual Padre Salvador Traccaiolli, em Castanhal. O grupo estudou a biodiversidade de aves na Praça Ignácio Gabriel e no Camping Ibirapuera. A terceira colocação ficou com Juliane Souza, Landerson Silva e Mara Danielle dos Santos, da Escola Municipal Walter Caminha, em Belém, que pesquisaram o valor nutricional do açaí junto a nutricionistas e moradores da comunidade Pantanal.

Na categoria Ensino Médio, os premiados foram todos da capital. O primeiro lugar foi para Flávia Carmona, da Escola Estadual Zacharias de Assumpção, que pesquisou a fauna de invertebrados de solo no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA). O segundo ficou com Marcos Antônio da Cruz, do Grupo Ideal, que observou o comportamento adaptativo da coruja suindara – a famigerada rasga-mortalha – na cidade. E, o terceiro foi de Amanda Monte, também do Ideal, que estudou as interações comportamentais das aves aquáticas do Parque Zoobotânico do MPEG.

3ª edição – A terceira edição do PJMA também trouxe novidade: em outubro de 2005, uma parceria com o Projeto PIATAM Mar (Potenciais Impactos Ambientais do Transporte de Petróleo e Derivados na Zona Costeira Amazônica) e a Petrobras viabilizou a passagem do Barco da Ciência na Baía do Guajará. Cerca de 80 professores e alunos do Ensino Fundamental e Médio embarcaram neste passeio educativo, com palestras, exposições e jogos educativos sobre o estuário amazônico.

Os colocados do Ensino Fundamental foram pesquisas acerca da flora amazônica, enquanto que os do Ensino Médio trouxeram estudos faunísticos.

Os alunos da Escola Almirante Renato Guillobel receberam a premiação da categoria Ensino Fundamental. Bruno César Nunes Rodrigues, Laura Aminta de Oliveira e Wescley Miguel Pereira ficaram com o primeiro lugar. Eles analisaram as propriedades nutricionais e medicinais do fruto araçá-boi, na Ilha do Combu. Ana Paula dos Santos Borges, Ellen Caroline Amorim e Diogo José de Oliveira trataram da importância social da mandioca para os moradores de Recreio Maracanã e ganharam o segundo lugar.

Paulo Henrique Marques Rodrigues, da Escola Profº Lício Solheiro, levou o primeiro lugar do Médio com a caracterização dos criadores e das formas de criação da fauna silvestre mantida em cativeiro em Brejo Grande do Araguaia. O segundo lugar ficou com Landerson da Silva e Silva, do Ulysses Guimarães, que pesquisou as formas de habitação dos barbeiros.

4ª edição – Na última edição, o PJMA recebeu algumas boas surpresas. O primeiro lugar do Ensino Médio foi para Rita de Cássia dos Santos, da Escola Profª Albanízia Lima, que realizou uma análise da composição florística de pteridófitas na reserva do Utinga e resultou na identificação de uma ocorrência nova no local. Esta edição também consolidou talentos: os outros dois colocados Wescley Silva e Ana Paula Borges já eram conhecidos do PJMA, de edições anteriores: desta vez, Wescley apresentou as propriedades medicinais do muco da lesma e Ana Paula falou do turu, o molusco branco que vive em troncos de árvores de mangue.

No Fundamental, a vencedora foi Mariana Galuppo Fonseca, do Centro Nipônico Adventista, que estudou a diversidade das espécies arbóreas da Praça Batista Campos. A banca examinadora elogiou o trabalho e sugeriu que a aluna levasse a identificação das espécies para a Prefeitura de Belém sinalizá-las na praça. O segundo lugar foi para o grupo de Erick Jordan Sena dos Santos, Felipe Almeida de França e Vitor Rocha Leitão, com o levantamento de subfamílias de formigas em uma praça do bairro do Curió-Utinga, um local que tem aspectos do urbano e do rural. Denner Brito Ferreira pôs em prática a idéia de estudar o consumo de açaí no município de Igarapé-Miri, surgida em uma viagem de férias com os pais e levou para casa o terceiro lugar.

As inscrições para a 5ª edição do Prêmio vão de 16 de setembro de 2011 até 20 de agosto de 2012. Saiba mais, visite o site http://marte.museu-goeldi.br/marcioayres/




































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