Se muitos acreditam que os financiamentos bancários são caros no Brasil, no setor imobiliário são justamente os financiamentos de construtoras que figuram entre os mais caros do país. Segundo Marcelo Maron, Diretor Executivo do Grupo PAR e consultor de finanças pessoais, os juros de um financiamento de construtora chegam a 27% ao ano, contra 12% dos praticados pela maioria dos bancos: “Muitos se enganam com a facilidade de um financiamento feito por construtora. Como sempre digo, quanto mais fácil o crédito, mas caro ele é. Algumas construtoras dispensam até a comprovação de renda e isso acontece porque no momento da posse do imóvel, quando ocorrerá a escritura em cartório, o imóvel ficará hipotecado à construtora, e a retomada do bem, em caso de inadimplência, é relativamente rápida”, explica Maron.
Segundo Maron, que também é professor de Matemática Financeira na UniEuro, em Brasília (DF), os consumidores encontram três tipos de financiamentos de imóveis no mercado, sendo que é possível verificar até uma combinação entre eles:
“Há o financiamento da construtora, o do banco e uma mescla entre essas opções. Neste último caso isso ocorre quando o imóvel está ainda em processo de construção e é possível financiar uma parte com a construtora e outra parte com o banco. Em todos estes casos, os contratos são sempre muito bem amarrados e os compradores precisam analisá-los com muito cuidado”, adverte Maron.
Financiamento bancário – Segundo Maron, em um financiamento bancário de R$ 500 mil com prazo de 20 anos, o consumidor começará pagando uma parcela de R$ 6.607,00 e terminará com R$ 2.246,76:
“Levando em conta a valorização do imóvel, a inflação e os aumentos salariais que a pessoa deverá ter ao longo de duas décadas é muito provável que a prestação vá se tornando bem menos significativa em relação à renda nesse prazo. Certamente, R$ 2.246,76 daqui a 20 anos significará muito menos do que significa hoje”, explica.
Para o consultor, a grande vantagem deste sistema é a garantia de que a prestação não subirá. Muito pelo contrário, ela vai caindo ao longo dos anos. Além disso, todo financiamento imobiliário com banco tem um seguro acoplado à prestação, que quita o imóvel para a família em caso de morte do mutuário:
“A desvantagem do sistema fica por conta do elevado nível de burocracia, análise criteriosa de papéis, cadastros, comprovantes de renda e outras comprovações. Nesta modalidade, a retomada do imóvel no caso de inadimplência também é rápida, uma vez que, no ato da escritura, o imóvel fica hipotecado ao banco”, assinala Maron.
Segundo Maron, muitas pessoas perguntam qual a melhor opção. Para o consultor, isso depende do perfil e dos ganhos de cada um:
“Financiar direto com a construtora é bem mais caro e, sobretudo, incerto. A correção pós-fixada traz a incerteza se haverá condição do cliente continuar arcando com as prestações ao longo do tempo. Para quem busca segurança, a melhor alternativa é o financiamento bancário. A garantia de que as prestações não subirão é um fator importantíssimo a se considerar. Não correr o risco da construtora falir no meio da obra é outro. Mas, se a pessoa fizer as contas direitinho, verá que em vinte anos pagará quase que o valor de três imóveis. Por isso oriento as pessoas a se planejarem e a guardarem o dinheiro ao longo do tempo, para fazerem uma compra a vista, esta sim muito mais vantajosa para o comprador”, recomenda.
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