Os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura o tráfico humano no estado estão em Marabá. Lá eles realizam hoje (quarta, 15) e amanhã (quinta, 16) audiências para apurar den[uncias de exploração de mão de obra em condições análogas ao trabalho escravo e de jovens atletas de futebol. As audiências serão na Câmara Municipal.
Estão agendados, para Marabá, 12 depoimentos de pais e responsáveis de jovens jogadores de futebol enviados a São Paulo e encontrados em situação insalubres e inadequadas em moradias de municípios da baixada santista.
A programação dos deputados também inclui reunião com entidades ligadas à defesa de crianças e adolescentes, realização de oitivas e reuniões com autoridades locais. “A visita a Marabá tem por objetivo levantar informações sobre uma dimensão ainda não abordada do chamado trabalho escravo, para fins de exploração econômica, principalmente em fazendas, e por outro lado consolidar informações acerca do aliciamento e recrutamento de menores para o mundo do futebol”, disse o deputado Carlos Bordalo (PT), relator da CPI.
Para o deputado João Salame (PPS), presidente da comissão, o trabalho da CPI em Marabá será feito para compreender de que forma opera a rede que intermedia a ida de jovens jogadores de futebol do sul e sudeste do Pará para a baixada santista. ”Viemos também averiguar denúncias da existência de trabalho escravo em fazendas da região”, explicou Salame.
Até o presente, a CPI ouviu em depoimento 43 pessoas, sendo 24 sigilosamente e 19 em audiências públicas. Para Salame o trabalho dos deputados da CPI é difícil porque o ‘tráfico de pessoas’ tem suas complexidades para ser detectado. “Não existem informações consolidadas, boa parte da sociedade não acredita nem que ele exista. As pessoas que são vítimas são enganadas com a promessa que vão melhorar de vida, entretanto só denunciam no destino, quando descobrem que foram enganadas, e não na origem do problema, quando são aliciadas com falsas promessas”, observa o presidente da CPI.
Realidade
O tráfico humano movimenta atualmente mais de US$ 12 bilhões por ano, segundo dados da ONU. A atividade compete apenas com o tráfico de armas. É comprovadamente a segunda prática criminosa mais lucrativa do mundo. Em 2008 cerca de 500 mil pessoas foram vítimas do tráfico humano na Europa. E, desse total, 75 mil eram de brasileiros. Na maioria dos casos são jovens e mulheres, afrodescendentes com baixa escolaridade e desempregados que são atraídos por promessas de bons empregos e uma vida melhor. Sem passaporte, são escravizados para atividades sexuais ou econômicas. A região amazônica também se insere neste mercado mundial, e é uma das que mais fornecem vítimas para essas redes criminosas.
Estima-se que 500 mil crianças são vítimas de tráfico para fins de exploração sexual no mundo inteiro. No Brasil, ao menos 25 mil pessoas estão sendo mantidas em condições análogas ao trabalho escravo. É um dever de toda a sociedade enfrentar esta questão.
Programação da CPI em Marabá
15.09 – Quinta-feira
19h - Entrevista livre com os deputados para imprensa presente
20h - Reunião pública com entidades de defesa dos direitos de crianças e adolescentes do município; especialmente, o Conselho Tutelar, a Arquidiocese e o Conselho Regional de Assistência Social.
16.09 – Sexta-feira,
10h – Início dos depoimentos (oitivas públicas)
13h – Almoço
15 h – Reinício do trabalho
18 h – Encerramento dos depoimentos;
Carlos Boução
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