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sábado, 13 de agosto de 2011

Tratamento genético cura câncer pela 1ª vez

Pela primeira vez, cientistas conseguiram usar células geneticamente modificadas de pacientes para curá-los.

A técnica desenvolvida na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, criou verdadeiras células “serial killers”, capazes de se multiplicar de forma surpreendente no corpo e de manter, por pelo menos um ano, a proteção contra o tumor.

Ela consiste, basicamente, em remover algumas das chamadas células T do paciente – de seu sistema imunológico – e modifica-las em laboratório. Esse material é então reinserido de volta no corpo e aliado a sessões de quimioterapia.O tratamento eliminou em três semanas os vestígios de câncer do sangue e da medula de três pacientes, e tem grande potencial para tratar outros tipos de tumores - como os linfomas não- Hodgkins, com o qual recentemente o ator Reynaldo Gianecchini foi diagnosticado.

Variações da mesma abordagem poderiam tratar também outros tipos da doença, como em ovário e pâncreas. Os resultados são tão promissores que foram publicados, simultaneamente, em duas revistas científicas: New England Journal of Medicine e Science Translational Medicine.

Tratamento
A equipe liderada pelo Dr. Carl June selecionou para os testes pacientes com poucas opções de tratamento. Na verdade, todos eles dependiam de um transplante de medula – uma operação que, segundo os pesquisadores, possui apenas 50% de chance de cura.

Após remover células T dos pacientes, a equipe reprogramou-as para atacar as células de tumores. Isso foi feito dando às células T a habilidade de produzir uma proteína similar aos anticorpos, chamada CAR (antigen receptor). A CAR se expressa na superfície das células T e é feita para se ligar a uma proteína chamada CD19 – presente em alguns tumores.

Naturalmente, as células T são feitas para combater invasores do corpo. Quando a célula T modificada começa a expressar a CAR, ela foca toda a sua atividade destruidora naquelas células que expressam a CD19, o que inclui a células do tumor e apenas um tipo de células normais, as “B”. Esse mecanismo limita os efeitos colaterais do tratamento, já que todas as outras células do corpo não são atacadas.

Para completar, a equipe ainda colocou uma molécula sinalizadora na parte da CAR que fica dentro da célula. Ao se ligar à CD19, o que significa que ela atacou um tumor, a CAR também diz à célula para liberar um sinal que manda outras células T se multiplicarem. EM todos os pacientes, o aumento dessas células de defesa foi de mil vezes.

Além de auto replicantes, elas são chamadas de verdadeiros serial killers, pois cada uma é capaz de matar milhares de células do tumor.

O efeito dramático do tratamento foi exemplificado com o caso de um dos pacientes, um homem de 64 anos cujo sangue e medula estavam repletos de células cancerígenas. Durante as primeiras duas semanas de tratamento, nada parecia mudar em seu corpo. No 14º dia, ele teve febre, náuseas, calafrios.

Os testes mostraram um grande aumento das células T em seu sangue, o que levou a uma síndrome ligada à morte repentina de muitas células cancerígenas. No 28º dia, ele havia se recuperado da síndrome e seu sangue e medula não mostravam mais sinais a leucemia.

Outra vantagem do tratamento é que ele provoca a criação das “células T de memória”, que podem proteger futuras novas ocorrências da leucemia por meses. O próximo passo dos pesquisadores é testar a abordagem em crianças e em outros tipos de tumor com a CD19 – incluindo Linfomas não- Hodgkins.

Depois, eles devem passar a tratamento com tumores que possuam outras proteínas e, quem sabe, chegar a resultados tão positivos quanto estes para casos de câncer de ovário ou pâncreas, por exemplo.

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