O conceito de Ecovilas ainda é pouco conhecido no Brasil, mas aos poucos tem se tornado uma alternativa sustentável para bairros e comunidades, a exemplo de estruturas aplicadas no exterior. Além de incentivar a cultura de paz, as Ecovilas também possibilitam maior contato dos moradores com a natureza. Elas são “assentamentos humanos sustentáveis”, normalmente buscados por pessoas que desejam ter “uma vida mais simples e com mais significados”, como explica Victor Ades, consultor e membro da Ecovila Clareando, em Piracaia, e membro da Rede de Ecovilas do Brasil.
O funcionamento de cada uma dessas comunidades varia de acordo com as necessidades que motivaram a sua criação. Para isso alguns pré-requisitos precisam ser considerados para que o grupo de pessoas que irá habitar o local consiga viver de forma harmoniosa. O primeiro deles é a disposição, para viver junto com pessoas que possuem hábitos diferentes. Depois vem a motivação, que é justamente o elo entre os moradores, ou seja, o ponto em comum entre eles. O terceiro fator, essencial para o sucesso de uma Ecovila, são os acordos. Quando se inicia um grupo com esse propósito é necessário estabelecer uma série de “regras” que definirão o modo como os problemas serão resolvidos. Segundo Ades, o ideal é que eles sejam escritos para evitar divergências futuras.
Uma das premissas para a construção das Ecovilas é a redução dos impactos ambientais gerados por elas. Neste ponto entra a permacultura que, conforme os princípios idealizados pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren, incentiva o cuidado com a terra, com as pessoas e a partilha dos excedentes.
A permacultura parte do conceito de que nada é lixo, dessa forma o que aparentemente é um resíduo pode se tornar matéria-prima. Também são usados materiais que não agridem o meio ambiente, como: bambu, barro, madeira reaproveitada e outros itens adquiridos localmente, o que minimiza também os impactos gerados pelos transportes em longas distâncias.
As Ecovilas estão instaladas, normalmente, em áreas mais afastadas dos centros urbanos. Por causa disso, existe a necessidade de criar sistemas que possibilitem às pessoas trabalharem dentro das comunidades ou em suas proximidades. A educação é outro fator a ser considerado, já que o ideal é haver estrutura adequada para a formação das crianças e jovens dentro da própria Ecovila. Nesses casos, o sistema é holístico, tendo como intuito preparar as crianças para a vida, aptas a contribuir para um mundo melhor, diferente do sistema educacional tradicional, que busca perpará-los para o mercado de trabalho.
Como essa ainda é uma realidade distante para muitas pessoas, existem projetos que levam os conceitos das Ecovilas para os bairros inseridos em grandes cidades, como ocorre em São Paulo. O local escolhido para abrigar o Ecobairro, é a Vila Mariana, localizada na zona sul da cidade.
O objetivo principal do projeto, que também foi aplicado em um bairro da Bahia, é incentivar e criar estratégias que possibilitem a prática da sustentabilidade localmente. Além disso, são aplicados os princípios da cultura de paz, educação e desenvolvimento sustentável. O intuito é de que os ecobairros possam se multiplicar por todas as regiões brasileiras, modificando parte do estilo de vida de grandes cidades.
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