Redirecionamento

javascript:void(0)

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Violência, agronegócio e desmatamento

"Não é um problema de 'ecochatos'. Mas do Brasil e da humanidade inteira.Um planeta não cuidado é um planeta doente"
Que seja um lugar-comum, mas é preciso repetir (já que poucos escutam): a Terra está doente e ameaçada. É preciso cuidar do ser humano e do planeta inteiro. Como lembra Dom Tomás Balduíno, a violência não acontece apenas nas chamadas áreas do “atraso” brasileiro.

O professor Carlos Walter Porta Gonçalves, da Universidade Federal Fluminense (UFF) – citado pelo prelado –afirma que “ela é mais intensa nos estados onde a dinâmica sociogeográfica está fortemente marcada pela influência da expansão dos modernos latifúndios (autodenominados agronegócios). É no Centro Oeste e no Norte que as últimas fronteiras agrícolas são conquistadas às custas do sofrimento e do sangue dos trabalhadores e dos que os apoiam.”

Ele lembra que o agronegócio necessita permanentemente incorporar novas terras e, para isso, “lança mão de todos os mecanismos de que dispõe: os de mercado, os políticos e a violência.” E, é claro, a violência é alimentada pela impunidade – fenômeno plenamente assimilado pelas instâncias do Poder Judiciário.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) tem uma tabela dos assassinatos e julgamentos de 1985 a 2011: são 1580. Só um mandante se encontra na prisão. 

O desmatamento da Floresta Amazônica em maio deste ano foi de 165 quilômetros quadrados.  Se comparado com os 96 quilômetros quadrados desmatados no mesmo mês do ano passado, o dado representa um aumento de 72%.

As informações são do Boletim Transparência Florestal, divulgado no dia 17 de junho, pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O documento também apontou a emissão de 2,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono.

De acordo com a pesquisadora Sanae Hayashi, o aumento do desmatamento se deveu à expectativa de aprovação da reforma do Código Florestal. 

A anistia aos desmatadores, proposta pelo novo texto, pode implicar maior destruição da floresta ao flexibilizar as regras para as áreas de preservação permanente nas propriedades rurais. Não, não é um problema de “ecochatos”. Mas do Brasil e da humanidade inteira.

Um planeta não cuidado é um planeta doente. Faz diminuir a biosfera. Mesmo que corra o risco de parecer alarmista, creio que é a própria espécie humana que está em jogo.

Emanuel Medeiros Vieira (Poeta, romancista e contista, nasceu em Florianópolis (SC) em 1945. Participa de diversas antologias de contos. Estreou com A Expiação de Jeruza em 1972. Tem romances e contos editados, como Os hippies envelhecidos)

Nenhum comentário:

Postar um comentário