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quarta-feira, 8 de junho de 2011

São Paulo abre licitação para construção de usina termelétrica movida a lixo

Ultima segunda-feira (6) foi apresentado o edital de licitação do projeto de usina termelétrica, que produzirá eletricidade a partir da queima do lixo, na região metropolitana de São Paulo. A unidade deve ser instalada na cidade de São Bernardo do Campo.

Esta foi a solução encontrada para resolver parte do problema dos resíduos sólidos. A usina processará até mil toneladas de resíduos para gerar constantes 30 MW, o que é suficiente para abastecer uma cidade com 200 mil habitantes. O projeto está orçado em cerca de R$ 600 milhões.

Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o Brasil gera mais de 195 mil toneladas de lixo por dia. Destas, 33 mil toneladas de resíduos vão para lixões.

Em 2010, uma lei instituiu que o funcionamento de lixões nas zonas urbanas será proibido a partir de 2014 e já obriga todas as cidades a criarem aterros sanitários. Mas, ainda não há espaços suficientes para todas armazenar estas toneladas de resíduos geradas diariamente ou para atender a nova lei federal.

Por isso, as térmicas de lixo têm muitas chances de dar certo. Na Europa, por exemplo, a tecnologia já é utilizada há muito tempo e tem o intuito de reaproveitar o máximo de lixo para transformar em energia. Uma separação dos materiais recicláveis é feita e aqueles que não podem ser reaproveitados são queimados e transformam-se em eletricidade.

Para o gerente da área de programas especiais da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), Aruntho Savastano Neto, esta é uma solução parcial, mas que é eficaz do ponto de vista do meio ambiente. “Isso resolve parte do problema do lixo e é possível afirmar com segurança de que não há danos à saúde ou ao meio ambiente”, afirmou Savastano Neto ao G1.

Alguns municípios de estados brasileiros como Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná também discutem a possibilidade de instalarem tais usinas. São Bernardo do Campo e Barueri receberam licenças provisórias. Já em Santo André a população discute a possibilidade de instalarem um complexo. Em São José dos Campos o pré-edital do projeto foi aberto para consulta pública. Há também estudos para a construção de uma usina no litoral.

Eduardo Carvalho, do Globo Natureza, explica como funciona uma usina de biodigestão anaeróbica e usina de incineração: “O lixo orgânico, considerado úmido, passaria por um processo chamado ‘digestão anaeróbica’ (parecido com a compostagem), em que o gás metano liberado na decomposição seria transformado em energia. Para a outra parte, a incineração, seria o destino dos resíduos que não podem ser reciclados”.

Na incineração os gases são liberados na atmosfera, mas antes passam por uma filtragem. Mesmo assim, há restrições, pois durante o processo para impedir a liberação do metano (causador do efeito estufa), seriam utilizados vários filtros e substâncias que, segundo Eduardo Carvalho, podem ser cancerígenas.

A outra preocupação é que com a prática possa ocorrer uma diminuição da reciclagem “já que tudo pode ser queimado”, como afirma Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energia do Greenpeace.

A questão econômica também tem sido apontada, por especialistas, como um ponto negativo do empreendimento. Será preciso que as prefeituras estejam dispostas a pagar mais caro pelo investimento. Este é o motivo que levam estes especialistas a crerem que aqui no Brasil, apesar dos recentes trabalhos sobre o tema, possivelmente, a tecnologia não será adotada.

Segundo o secretário de Planejamento Urbano de São Bernardo, Alfredo Buso, a previsão é de que as obras de construção da termelétrica sejam iniciadas no início de 2012.


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