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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Brasil avança na produção mundial de alimentos

Dados do Ministério da Agricultura indicam que País disputará liderança na produção de alimentos com Estados Unidos. Safra de grãos deve crescer 23% até 2021 e área de colheita será 9,5% maior que a atual

O Brasil se consolidará como uma potência agrícola nos próximos dez anos e vai disputar a liderança na produção de alimentos com os Estados Unidos. A projeção é do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ao divulgar o estudo Projeções do Agronegócio 2010/11-2020/2021.

De acordo com o estudo, produtos agrícolas de alto consumo interno – e que já fazem parte da pauta de exportação brasileira – tendem a ter um aumento de produção, sobretudo devido ao avanço tecnológico, e ganhar mais mercado. As estimativas indicam que a produção de grãos deve aumentar 23% até 2021 e a área de colheita será 9,5% maior que atual.

Além de mais produção e mais vendas, o Mapa avalia que o País terá uma nova fronteira agrícola – batizada como Matopiba (formada pelo Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Essas áreas estão atraindo novas lavouras porque têm terras mais baratas que a região Centro-Oeste e poderão aumentar a produção de algodão, frango, carne bovina e soja; além de celulose e papel.

Crescimento das safras e exportações
A produção do algodão deve crescer 47,8% nos próximos anos e a exportação do produto (sem as barreiras comerciais americanas) em mais de 68%. O café terá aumento de produção em mais de 24% e a venda para o comércio exterior crescerá em quase 46%. Já a produção de soja subirá em cerca de 36% e a exportação em 39%.

Os resultados poderão ser ainda melhores que o esperado. “Os números são conservadores”, disse o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, ao afirmar que a projeção feita pelos técnicos do Mapa e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) se baseou em resultados medianos.

De acordo com ele, a demanda por alimento está em expansão nos mercados interno e externo e os preços dos produtos agrícolas estão em ascendência, o que estimula a produção. “Isso não é uma situação circunstancial.

O ministério avalia que o País manterá a dianteira na produção da carne de frango e carne bovina, e incrementará a produção de carne suína. No total, o país passará da produção atual de 24,6 milhões de toneladas de carne para 31,2 milhões de toneladas na temporada 2020/21 (crescimento de 36,5%).

Alguns produtos como leite e milho – cadeias produtivas nas quais Brasil não é líder de vendas - terão incremento significativo nas exportações. A venda de leite deverá crescer 50,5% (atingindo 300 milhões de litros) e a comercialização do milho crescerá em 56,5% (alcançado 14,3 milhões de toneladas).

Se o cenário se confirmar, o Brasil terá 12% do mercado de milho; 33,2% do mercado de grão de soja; 49% da participação da carne de frango; 30,1% da carne bovina e 12% da carne suína.

O crescimento das exportações será acompanhado da expansão do consumo interno, que continuará sendo o principal destino da produção: 85,4% do milho; 83% da carne bovina; 81% da carne suína; 67% da carne de frango; e 64,7% da soja.

Ameaças
O cenário otimista do Mapa poderá ser contrariado, no entanto, se houver nova recessão internacional, se as áreas agrícolas foram afetadas por problemas climáticos ou se houver aumento de protecionismo, diz o coordenador do estudo, José Garcia Gasques.

Na próxima semana, o ministro Rossi estará na França, participando da reunião do G20 (20 principais economias do planeta) sobre a produção de alimentos. Ele não pretende criticar a política de subsídios da França e dos países europeus. “Reconheço o direito desses países de proteger seu produtores”, disse, adiantando que se empenhará para que haja maior flexibilização quanto aos produtos já importados.

Rossi defende que o G20 crie instrumentos financeiros para proteger os países pobres da alta das commodities e que também seja criado um estoque mínimo emergencial para essas economias.

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