O objetivo da pesquisa é criar um modelo de teste semelhante ao realizado em testes de gravidez
Um grupo de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, no Amazonas, desenvolve atualmente uma pesquisa para a produção de um modelo rápido de diagnóstico do rotavírus, causador da diarréia entre crianças. Dados da Sociedade Brasileira de Imunizações apontam o rotavírus como responsável por um terço das diarreias no País.
O grupo é coordenado pelo pesquisa Paulo Afonso Nogueira, do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz). A ideia do grupo, composto também pelos pesquisadores Luis André Mariuba e Patrícia Orlandi - todos da Fiocruz –, é chegar a uma fita, semelhante à utilizada em testes de gravidez, onde se possa ter um diagnóstico eficiente da doença.
A produção do material, considerada a última fase do projeto, está prevista para o final de 2012. O trabalho com as fitas ainda é artesanal, mas já observamos que funciona. No caso do rotavírus, ele é o agente que mais causa gastroenterite no Brasil, apesar da existência da vacina, que precisa ser reavaliada constantemente”, explicou.
Na maioria dos atendimentos médicos, segundo Nogueira, os profissionais receitam antibióticos, que muitas vezes são desnecessários, já que o tratamento mais adequado para o rotavírus é a hidratação, além do controle da febre. Após o término da pesquisa, as fitas passarão por um teste de qualidade, no qual será avaliado se estas apresentam falso positivo ou falso negativo nos resultados.
Com a constatação de que tudo funcionará corretamente, as fitas serão oferecidas para produção em escala industrial, mas somente no âmbito hospitalar. “Não é aconselhável que o teste seja feito em casa. Jamais venderemos em farmácias até por uma questão de controle”, ressaltou.
Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e Ministério da Saúde, via Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), com recursos de R$ 82 mil, o projeto trabalha com a produção de proteínas a serem injetadas em camundongos para a experiência de imunização. A fita para o diagnóstico do rotavírus é o segundo projeto do imunologista Paulo Nogueira em parceria com a Fapeam.
Atuante na área de diagnóstico há 15 anos, ele trabalha em outra pesquisa, com parceria do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para desenvolvimento de um kit similar na detecção da malária.
O rotavírus é um vírus que causa diarreia grave e frequentemente acompanhada de febre e vômito. Ele é encontrado em alta concentração em fezes de crianças infectadas e são transmitidos por via fecal-oral, por contato pessoa a pessoa e também através de fômites (gotículas emitidas ao falar).
Se a doença não for tratada, leva à desidratação e à perda de nutrientes, podendo levar à morte. A incidência maior é em crianças, mas adultos também podem ser contaminados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a inclusão da vacinação contra o vírus nas campanhas de imunização infantil em todos os países.
No Brasil, a vacina faz parte do programa nacional desde 2006. Não há tratamento específico para combater o vírus, só os sintomas. É fundamental a hidratação já nos primeiros sintomas.
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