O cultivo de pimenta longa (Piper hispidinervum), da qual se extrai uma valiosa substância para a indústria química mundial, pode se tornar uma opção de renda para agricultores familiares do Pará.
A possibilidade está sendo estudada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), cuja diretoria técnica recebeu, no último dia 2, representantes de um consórcio empresarial interessado na compra da produção do óleo do vegetal. O princípio ativo em questão, o safrol, é muito utilizado como fixador de odores em cosméticos, compondo também a fórmula de medicamentos, inseticidas agrícolas e até de combustível de foguetes.
Na reunião estiveram presentes, além de cientistas da Emater, funcionários do programa Pará Rural e da Secretaria de Estado de Agricultura do Pará (Sagri). A proposta das empresas Amazônia Florestal e Agrozoo Carajás, associadas à ONG Instituto Terra Verde, é ter a parceria do governo do estado na promoção da pimenta longa entre os pequenos agricultores paraenses, a partir de um primeiro modelo de plantio integrado de mandioca, milho e a nova cultura, em um espaço de três hectares.
"Consideramos que devemos tentar adequar a novidade da pimenta longa à tradição das roças de subsistência, que costumam se transformar em áreas de capoeira depois de mais ou menos um ano de exploração. A pimenta longa pode ajudar na recuperação do solo dessas zonas degradadas e ainda oferecer uma renda cerca de 25 vezes mais lucrativa do que a farinha de mandioca, por exemplo, cujo quilo costuma ser vendido pelo produtor do Pará a R$ 2; o do óleo da pimenta se comercializa no mínimo por R$ 50", diz Manoel Martins, representante das empresas.
Ele aproveitou a oportunidade para anunciar que o consórcio tem disposição em assinar contratos de compra antecipada, com validade de dez anos e determinação de preço mínimo. Os engenheiros agrônomos da Emater, porém, fazem ressalvas à ideia. "Primeiro que a Emater não pode se deixar seduzir por nenhuma premissa como a de 'enfim chegou a cultura salvação da lavoura, que revolucionará a agricultura do Pará'. O agricultor familiar do estado é vítima histórica de modas assim [alguns exemplos recorrentes são seringueira e pimenta-do-reino], que terminam com situações gravíssimas de endividamento.
A possibilidade está sendo estudada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), cuja diretoria técnica recebeu, no último dia 2, representantes de um consórcio empresarial interessado na compra da produção do óleo do vegetal. O princípio ativo em questão, o safrol, é muito utilizado como fixador de odores em cosméticos, compondo também a fórmula de medicamentos, inseticidas agrícolas e até de combustível de foguetes.
Na reunião estiveram presentes, além de cientistas da Emater, funcionários do programa Pará Rural e da Secretaria de Estado de Agricultura do Pará (Sagri). A proposta das empresas Amazônia Florestal e Agrozoo Carajás, associadas à ONG Instituto Terra Verde, é ter a parceria do governo do estado na promoção da pimenta longa entre os pequenos agricultores paraenses, a partir de um primeiro modelo de plantio integrado de mandioca, milho e a nova cultura, em um espaço de três hectares.
"Consideramos que devemos tentar adequar a novidade da pimenta longa à tradição das roças de subsistência, que costumam se transformar em áreas de capoeira depois de mais ou menos um ano de exploração. A pimenta longa pode ajudar na recuperação do solo dessas zonas degradadas e ainda oferecer uma renda cerca de 25 vezes mais lucrativa do que a farinha de mandioca, por exemplo, cujo quilo costuma ser vendido pelo produtor do Pará a R$ 2; o do óleo da pimenta se comercializa no mínimo por R$ 50", diz Manoel Martins, representante das empresas.
Ele aproveitou a oportunidade para anunciar que o consórcio tem disposição em assinar contratos de compra antecipada, com validade de dez anos e determinação de preço mínimo. Os engenheiros agrônomos da Emater, porém, fazem ressalvas à ideia. "Primeiro que a Emater não pode se deixar seduzir por nenhuma premissa como a de 'enfim chegou a cultura salvação da lavoura, que revolucionará a agricultura do Pará'. O agricultor familiar do estado é vítima histórica de modas assim [alguns exemplos recorrentes são seringueira e pimenta-do-reino], que terminam com situações gravíssimas de endividamento.
Não existe ainda pesquisa suficiente que ateste que a pimenta longa possa se estruturar como cadeia eficiente no Pará, e a Emater não deve expor o agricultor, que já é tão fragilizado em termos financeiros, a
esse risco. A Emater de modo algum é contra à pimenta longa, mas, antes de ser a favor, tem que estudar, pesquisar e qualificar", explica o engenheiro agrônomo Paulo Lobato, do Núcleo de Apoio Técnico (NUT) da Emater.
Kleber Perotes, também engenheiro agrônomo do NUT, reforça o argumento de que governo não pode "criar expectativas ilusórias nos agricultores". "Só assinamos embaixo de projetos pé-no-chão, que sejam seguros para o investimento do agricultor familiar.
Antes de pensarmos que o safrol realmente tem bom preço, devemos questionar: o agricultor tem condições de arcar com uma cultura cuja obtenção de mudas já demanda 60% do investimento financeiro? Queremos saber se o empresariado tem interesse em fornecer mudas e sementes certificadas, de qualidade. Além disso, sabendo-se da geografia do Pará, em que muitas comunidades rurais são longínquas em relação a centros comerciais, vale a pena investir numa cultura cujo beneficiamento se dá em usinas e fábricas? Como colocar o agricultor num comércio em que há apenas um comprador estadual? Existe uma série de questões pendentes", contextualiza.
O diretor técnico da Emater, engenheiro agrônomo Humberto Reale, confirmou que a Emater "não é contra a pimenta longa, mas a favor do agricultor familiar, que confia no governo do estado". "Por isso nos guiamos pela responsabilidade do respaldo científico para incentivar uma nova atividade", conclui.
De acordo com Reale, até o fim deste mês Emater e empresários voltarão a se encontrar para discutir pormenores técnicos do cultivo de pimenta longa.
O debate governamental sobre a viabilidade da pimenta longa na agricultura familiar do Pará não se inicia exatamente agora: no fim de 2009, pressionada pela ansiedade de agricultores sondados por empresas compradoras de safrol, a Emater publicou uma nota técnica, juntamente com Sagri, Banco da Amazônia (Basa) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
No documento, as instituições recomendam procedimentos técnicos e esclarecem as nuances de atuação compassada e responsável por parte dos governos estadual e federal, incluindo itens como debate com as organizações de agricultores, desenvolvimento de logística de produção e beneficiamento, fornecimento de material genético certificado, além de necessidade de instalação de unidades demonstrativas e de planos de capacitação de extensionistas e agricultores.
esse risco. A Emater de modo algum é contra à pimenta longa, mas, antes de ser a favor, tem que estudar, pesquisar e qualificar", explica o engenheiro agrônomo Paulo Lobato, do Núcleo de Apoio Técnico (NUT) da Emater.
Kleber Perotes, também engenheiro agrônomo do NUT, reforça o argumento de que governo não pode "criar expectativas ilusórias nos agricultores". "Só assinamos embaixo de projetos pé-no-chão, que sejam seguros para o investimento do agricultor familiar.
Antes de pensarmos que o safrol realmente tem bom preço, devemos questionar: o agricultor tem condições de arcar com uma cultura cuja obtenção de mudas já demanda 60% do investimento financeiro? Queremos saber se o empresariado tem interesse em fornecer mudas e sementes certificadas, de qualidade. Além disso, sabendo-se da geografia do Pará, em que muitas comunidades rurais são longínquas em relação a centros comerciais, vale a pena investir numa cultura cujo beneficiamento se dá em usinas e fábricas? Como colocar o agricultor num comércio em que há apenas um comprador estadual? Existe uma série de questões pendentes", contextualiza.
O diretor técnico da Emater, engenheiro agrônomo Humberto Reale, confirmou que a Emater "não é contra a pimenta longa, mas a favor do agricultor familiar, que confia no governo do estado". "Por isso nos guiamos pela responsabilidade do respaldo científico para incentivar uma nova atividade", conclui.
De acordo com Reale, até o fim deste mês Emater e empresários voltarão a se encontrar para discutir pormenores técnicos do cultivo de pimenta longa.
O debate governamental sobre a viabilidade da pimenta longa na agricultura familiar do Pará não se inicia exatamente agora: no fim de 2009, pressionada pela ansiedade de agricultores sondados por empresas compradoras de safrol, a Emater publicou uma nota técnica, juntamente com Sagri, Banco da Amazônia (Basa) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
No documento, as instituições recomendam procedimentos técnicos e esclarecem as nuances de atuação compassada e responsável por parte dos governos estadual e federal, incluindo itens como debate com as organizações de agricultores, desenvolvimento de logística de produção e beneficiamento, fornecimento de material genético certificado, além de necessidade de instalação de unidades demonstrativas e de planos de capacitação de extensionistas e agricultores.
Agência Pará
Olá, boa tarde.
ResponderExcluirMe interessei por esta reportagem. Solicito me informarem o telefone do Sr. Manoel Martins representante das empresas Amazônia Florestal e Agrozoo Carajás que aparece nesta reportagem. Agradeço a atenção.
Grata
Cecilia