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sábado, 3 de março de 2012

Lytro, uma câmera para o futuro

Produto tem tecnologia inovadora e design atraente, mas algumas limitações
diminuem seu apelo

Quando as câmeras saíram da era analógica e se tornaram digitais, ocorreu uma mudança brutal. Era como sair de filmes preto-e-branco para transmissões em cores. Mas um processo de tirar uma foto continuou o mesmo: você foca no objeto e aperta um botão para gravar a imagem.

Uma nova câmera chamada Lytro inaugura uma nova era. Você tira uma foto e define o foco após a gravação da imagem. Com poucos cliques na imagem, você define qual parte deve ficar em foco e qual deve ficar desfocada.

A tecnologia é impressionante. Nas últimas semanas, usei bastante a câmera Lytro e ela mudou minha forma de fotografar. Imagine uma foto de casamento com a noiva em foco e a festa ao fundo. Clique na noiva e ela estará em foco, enquanto as acompanhantes ficam desfocadas. Clique nos convidados e foco muda para eles. A imagem se ajusta rapidamente ao foco desejado.

O efeito faz com que a fotografia fique mais parecida com o cinema. Quando estava alterando o foco em uma imagem, ficava me imaginando como um agente da CIA nos filmes de espionagem, procurando um detalhe em uma foto.
A câmera Lytro, que começou a ser vendida esta semana no site lytro.com, consegue fazer isso porque seu sensor captura mais dados do que os sensores de câmeras comuns. O sensor da Lytro registra as informações comuns (qual a intensidade da luz e as cores que chegam à câmera), mas também sabe a direção em que a luz chega à câmera. Com essa informação (conhecida como campo de luz), o software incluído na câmera pode criar vários pontos focais.

Design diferente
Tudo isso acontece em uma câmera que se parece um tablete de manteiga. É um design diferente, com uma lente em uma ponta e uma tela quadrada e sensível ao toque na outra. No topo da câmera ficam o disparador e uma área sensível ao toque para controlar o zoom óptico de 8x.

Na parte de baixo há uma porta USB e o botão liga/desliga. É um design simples e elegante, mas leva um tempo para se acostumar. De início, me senti meio que como um capitão de um navio antigo, segurando uma luneta.

A Lytro pesa 215 gramas, um pouco mais do que algumas câmeras básicas, mas essa diferença é imperceptível na prática. Não há cartão de memória ou bateria removível. A câmera vem com memória interna de 8 GB (350 fotos e preço de US$ 399) e 16 GB (750 fotos e preço de US$ 499).

Como a Lytro captura luz na forma de raios, e não pixels, o sensor é descrito como 11 megarays (11 milhões de raios) em vez de pixels. Ambos os modelos vêm com uma bateria que dura cerca de 600 fotos, de acordo com o fabricante.

Tela pequena dificulta ver fotos
O boot da Lytro é rápido. A tela funciona em 1 segundo. Essa tela é um dos pontos fracos da câmera. Depois de anos vendo fotos em telas grandes de smartphones e câmeras básicas, a tela de apenas 1,5 polegada da Lytro é pequena para mostrar com clareza o que está sendo fotografado.

Já a interface baseada em toque é melhor. Quando a câmera está em modo de captura, um gesto lateral com o dedo revela um painel com informações de bateria e memória. Outro gesto exibe as últimas fotos tiradas. Também é possível ajustar o modo para regular a área de foco. É obrigatório escolher uma área para o foco, mas uma atualização prevista para os próximos meses deve deixar essa tarefa opcional, diz o fabricante.

Depois que a foto é tirada, o usuário pode brincar de trocar o foco na própria câmera. Mas a tela de 1,5 polegadas não favorece essa tarefa. É melhor fazer isso em um computador. Atualmente é necessário um Mac, pois o software não é compatível com Windows. Isso deve ser resolvido nos próximos meses, segundo o fabricante.

Tirar fotos com a Lytro revela outras vantagens além de poder usar o foco depois da captura. Pra começar, como o foco é feito depois da gravação da imagem, a Lytro é mais rápida para tirar as fotos, já que dispensa o tempo necessário para o ajuste de foco. Ela não é tão rápida quanto câmeras profissionais, mas você pode disparar à vontade com pouquíssimo atraso. Em meus testes, a Lytro conseguiu capturar uma foto a cada 1,3 segundo.

Ela tem um design atraente e vem com uma tecnologia impressionante e um software fácil de usar. Mas isso não quer dizer que você deva comprá-la.

Preço alto diminui apelo
O valor de US$ 400 ou US$ 500 não é um trocado qualquer. Ela é muito cara para quem quer tirar fotos básicas (para isso há a câmera do seu smartphone), e usuários mais profissionais desejarão mais controles de ajuste e lentes.

O potencial para fotografia baseada em campo de luz é grande. A vantagem de tirar fotos sem fazer o foco realmente é muito atraente. Mas há uma diferença entre uma boa tecnologia e um bom produto. Se a Lytro conseguir refinar sua tecnologia e torná-la mais versátil e barata (imagine esse recurso em um smartphone), ela pode se tornar um marco.

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