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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Mudança de expectativa na educação

É fevereiro! O ano recomeça, depois de planejamentos, redefinições, novas metas para as pessoas e para a equipe. Entretanto, para que tudo seja realmente novo, é preciso que aconteça uma transformação interna especialmente importante na educação: a mudança do olhar.

Pode parecer uma lição de autoajuda, mas é bem mais do que isso. Nos últimos anos, diferentes pesquisas vêm confirmando que, na educação, uma porcentagem significativa do sucesso escolar deve ser creditada às expectativas expressas pelos adultos (educadores e pais) e percebidas pelas crianças e jovens. Quanto mais o aluno se sente em um ambiente de confiança, mais longe chegará.

Essa constatação é importante porque representa uma inversão de certezas que estão arraigadas na cultura escolar. Com assustadora frequência, os professores identificam – consciente ou inconscientemente – aqueles alunos com maior possibilidade de sucesso e os que desde logo estão desenganados. Ao fim do ano, quando as expectativas se confirmam, o educador pode até achar que seu feeling estava correto. No entanto, agora sabemos que, na maioria das vezes, aconteceu uma profecia autorealizada. Foi justamente o julgamento prévio e todos os sinais que dele decorreram, do olhar desanimado à virtual desistência, que impactaram no desenvolvimento do aluno, afinal convencido de que não poderia se sair bem mesmo. Um diagnóstico tão duro quanto verdadeiro.

Assim, precisamos lembrar que o aluno que volta às aulas em fevereiro não chega “zerado”, mas traz consigo o histórico de suas experiências de aprendizagem anteriores. Seu grau de confiança em si mesmo será fortemente influenciado pelo que espera de si e pelo que sente daqueles com quem convive. Do mesmo modo, esse aluno sabe que na cabeça dos coordenadores e professores já há uma imagem prefixada, à qual ele pode tentar corresponder, em um círculo virtuoso para uns e terrivelmente prejudicial para outros.

Por isso, não basta mudar as estratégias de ensino. Antes, devemos fazer o exercício de limpar nosso hardware de certezas que podem não ser tão exatas assim... No contato com a família, essa orientação também deve estar presente.

A escola é um espaço que deve ser cercado e protegido por referências positivas, que começam ainda em casa e se estendem até o interior da sala de aula. Por isso, para plantar um 2012 de sucesso, do ponto de vista da educação, é preciso garantir que nós seremos capazes de depositar em nossos alunos a confiança que todo ser humano merece.

A criação de um clima de confiança para o retorno às aulas, na escola, é, em última instância, uma celebração das possibilidades de mudança e de aprimoramento pessoal a que todos aspiramos.


(*) Francisca Romana Giacometti Paris é Pedagoga, Mestre em Educação, diretora Pedagógica do Agora Sistema de Ensino (www.souagora.com.br) e do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva, e ex-secretária de Educação de Ribeirão Preto (SP)

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