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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Medidas para melhorar qualidade do açaí são bem aceitas por batedores

Nos últimos meses, o governo do Estado está intensificando os investimentos na qualidade do açaí produzido artesanalmente no Estado. O investimento mais recente foi o decreto que criou padrões para o preparo do fruto, estabelecendo os cuidados sanitários necessários, bem como a infraestrutura que garanta a qualidade do produto vendido à população. As estratégias do Estado abrangem ainda o acompanhamento de toda a cadeia produtiva, do plantio, transporte e venda até o estabelecimento onde será processado.

As medidas são comemoradas pelas associações de batedores artesanais da capital e região metropolitana. Segundo o presidente da Associação dos Vendedores Artesanais de Açaí de Belém (Avabel), Carlos Noronha, as ações do governo do Estado darão mais seriedade à produção artesanal do fruto, além de melhorar a situação de quem realmente trabalha com açaí.

“Muitos batedores só trabalham durante a safra, de qualquer jeito e sem tantos cuidados, o que acaba prejudicando a nós, que trabalhamos de forma séria, seja na safra ou na entressafra”, diz Carlos Noronha, ressaltando que o trabalho de fiscalização será intensificado com a ajuda dos departamentos de vigilância sanitária a partir das medidas recentes do governo paraense.

Carlos vende há 36 anos açaí no bairro da Marambaia, em Belém, e está de acordo com as normas sanitárias exigidas. Agora, ele aguarda a aprovação do tanque de branqueamento (tratamento térmico) pela Eletronorte, que está testando um modelo do equipamento, fruto fruto de discussões do grupo de trabalho pela qualidade do açaí, instituído em outubro passado e formado por diversos órgãos do Estado, além de associações de batedores, como a Avabel, e universidades.

Também vislumbra um novo cenário para os batedores de açaí o comerciante Marivaldo Ferreira, presidente de outra associação, que congrega 1,5 mil batedores na região metropolitana de Belém. “Era preciso também intensificar a fiscalização nos pontos de venda. Trabalhamos com tudo direito, mas tem gente que não está nem aí para as normas da vigilância sanitária”, diz.

Fiscalização – A representante da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) no grupo de trabalho para a qualidade do açaí, Dorileia Pantoja, diz que as estratégias do Estado para garantir a qualidade do fruto começaram a ser intensificadas em 2005. “Intensificamos a fiscalização em parceria com as vigilâncias sanitárias dos municípios. Isso não se deu em função do surto da doença de Chagas, mas pela constatação da grande quantidade de coliformes fecais encontrada no açaí comercializado no Estado”, explica.

Segundo Dorileia, a Sespa mantém um projeto de monitoramento da qualidade de alimentos, no qual está incluído o açaí, que fez um levantamento em todo o Estado para verificar as condições de produção do fruto. A partir das informações coletadas, a secretaria oferece um curso de capacitação aos batedores artesanais, ensinando todo o processo.

“Mostramos que é preciso o batedor conhecer o seu fornecedor e seguir todas as etapas da produção para que o produto seja de qualidade. A primeira etapa é a peneira, a segunda compreende três lavagens, sendo a segunda com uma solução de água e hipoclorito, e, por fim, o branqueamento, que é o tratamento térmico do fruto”, explica ela, assegurando que o branqueamento não altera o sabor do fruto e ainda aumenta a vida útil do açaí batido.

O curso promovido pela Sespa atendeu, somente ano passado, mais de 300 batedores, em vários municípios do Estado, entre Belém (região das ilhas) e Altamira, Marabá e Abaetetuba. Durante o treinamento, os participantes recebem um kit com copo dosador, filtro, termômetro, peneira, avental e touca, e aprendem a forma correta de usar esse material em cada etapa da produção do açaí. “O importante é que o batedor tenha uma estrutura funcional e higiênica”.

A partir do decreto governamental mais recente, publicado dia 24 de janeiro, a Sespa vai comunicar às vigilâncias sanitárias dos municípios a necessidade do cadastramento dos batedores. “Esperamos já em abril ter o cadastro de todos os batedores do Estado para fazer o monitoramento em parceria com as prefeituras”, afirmou a chefe da Divisão de Vigilância Sanitária da Sespa, Sueli Silva.

Investimentos – Além da Sespa, também faz parte do grupo de trabalho para a qualidade do açaí a Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri). O titular do órgão, Hildegardo Nunes, ressalta os últimos investimentos que o governo está fazendo para garantir a qualidade do produto artesanal mais consumido pelos paraenses.

“São medidas estruturais que vão buscar a qualidade do açaí desde a colheita. Além de todo o trabalho de padronização e fiscalização dos batedores artesanais, também estamos desenvolvendo, por meio do grupo de trabalho, mecanismos para promover a educação de como garantir a segurança do fruto desde a colheita, passando pelo transporte, até chegar ao ponto de venda”, assevera.

O trabalho citado pelo secretário envolve as universidades participantes do grupo, além da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), que serão responsáveis por desenvolver uma campanha educativa nas escolas e comunidades agrícolas, ensinando como deve ser o manuseio do açaí e a forma correta de preparo do suco.

Hildegardo Nunes destaca também a criação de linhas de crédito para ajudar os batedores artesanais. “Esse recurso será viabilizado para reformas nos pontos de venda, para adequação dos equipamentos, enfim, para qualquer despesa que o batedor tenha para garantir a qualidade do seu produto”, afirma o secretário, ressaltando que o decreto que padroniza a produção estabelece que o local de venda deve ser de alvenaria, ter revestimento claro e de fácil higienização.

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