As pilhas de nozes, rapoko (um cereal), painço e milho à venda na margem do rio Rovuma, em Namiranga, são testemunhas da fertilidade do solo africano.
Mas as pessoas nesta pequena cidade na fronteira de Moçambique com a Tanzânia lutam para pagar por seu alimento. A área tem sido afetada por secas nos últimos quatro anos, intensificadas pela mudança do clima. Namiranga, a 3.700 km da capital Maputo, quase não tem acesso a serviços básicos.
Lá, uma saca de milho de 50 quilos custa U$ 60. Mas a apenas 20 km, do lado da Tanzânia, a mesma quantidade custa U$ 46.
Barreiras ao comércio inter-regional estão impedindo que alimentos cheguem aos pobres. No lado tanzaniano do rio, no posto de fronteira de Mtwara, um caminhão com 40 toneladas de milho é detido. Funcionários alfandegários dizem a Petros Lema Sokoineis, dono e motorista do caminhão, que o milho não pode deixar o país por causa de uma proibição às exportações.
“Nós procuramos os melhores mercados. Se não tivermos mercados externos, não temos incentivo para produzir. No mercado nacional, nem conseguimos pagar nossos custos. Os preços não são adequados,” diz Sokoineis, que comercializa milho na região desde 2000.
O ministro da agricultura, segurança alimentar e cooperativas da Tanzânia, Jumanne Maghembe, anunciou em junho de 2011 uma proibição à exportação de grãos, especialmente o milho, para evitar a fome em seu país.
“Infelizmente, isto acontece com frequência. Estas proibições não apenas limitam o acesso a alimentos – elas desencorajam agricultores que estão sofrendo com secas, enchentes e condições do tempo desfavoráveis,” afirma Sokoineis.
A Tanzânia teve uma escassez de 410.000 toneladas de grãos durante a safra de 2010-2011, de acordo com Maghembe. As proibições à exportação não são o único exemplo de problemas que restringem o comércio regional, com um impacto significativo na segurança alimentar de milhões.
Cientistas dizem que a região da Comunidade de Desenvolvimento do Sul da África (SADC) está experimentando um clima cada vez mais imprevisível, com mais dias quentes e menos dias frios. Os países mais afetados são o Zimbábue, Moçambique e Tanzânia, além do sul da África do Sul, segundo o Alertnet. Os efeitos do clima já estão custando aos países do SADC perdas de 5% a 10% de seus PIBs, de acordo com Martin de Wit, economista da Universidade Stellenbosch, na África do Sul.
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