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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Tradição da Marujada marca o Natal dos bragantinos

O domingo de Natal tem um significado ainda mais especial para os moradores do município de Bragança, no nordeste paraense. No dia 25 de dezembro os participantes da Festividade do Glorioso São Benedito se paramentam com seus trajes azuis e brancos para dar início à terceira etapa da Marujada, tradição que completou 213 anos de existência este ano. 

As mulheres usam saias azuis, mesma cor das camisas usadas pelos homens que participam do cortejo. A escolha pelo azul da vestimenta tem uma explicação. “Este é o dia da festividade em que mudamos a cor do traje simbolizando o nascimento do menino Jesus, que São Benedito carrega nos braços, por isso o homenageamos desta forma”, explica João Batista, presidente da Marujada. 

As homenagens ao santo padroeiro da cidade iniciam na Igreja do Glorioso São Benedito, com uma ladainha rezada em latim pelos marujos e marujas. Em seguida, os participantes seguem para o barracão da Marujada, onde começam as apresentações de dança. O salão fica lotado, todos querem assistir ao ritual, que atravessa gerações. O espetáculo atrai turistas, moradores e jornalistas do Brasil e de outros países. “Já tinha ouvido falar deste evento, mas não imaginava o quanto era bonito, principalmente para fotografar. Estou encantado. Tudo o que eu olho tenho vontade de fotografar”, diz o fotógrafo Luis Gomes, que veio de São Paulo especialmente para registrar a festividade. 

Ao longo da manhã, os marujos e marujas apresentam quatro tipos de dança: retumbão, chorado, mazuca e xote. Do alto de seus 98 anos, seu Teodoro Ribeiro Fernandes, capitão da Marujada, é quem dá permissão para que as apresentações comecem. 

Na marujada, os capitães são como cargos vitalício exercidos por marujos mais velhos, que são considerados bons dançarinos, e Teodoro garante que por muito tempo fez por merecer o título. Emocionado, ele conta sua trajetória na festividade. “Passei a fazer parte da Marujada devido a uma promessa feita no ano de 1956. Sofri um ferimento na perna provocado por um tiro de espingarda e todos diziam que eu ia ficar sem ela. Foi quando prometi a São Benedito que se fosse curado e voltasse a andar iria sair todos os anos de marujo”, lembra. O milagre foi feito e até hoje seu Teodoro cumpre a promessa, mas, desde 2006 ele não dança mais. “Estou com a idade muito avançada e não consigo mais fazer todos os passos. Mas faço questão de vir, de me vestir como um marujo e ficar sentado, assistindo a festa mais maravilhosa do mundo” ressalta. 

A programação da marujada prossegue durante todo o dia 25. Pela tarde, acontece um dos eventos mais concorridos da programação, que é a Cavalhada, quando cavaleiros vestidos com uniforme tradicional, com as cores da marujada, participam de uma espécie de campeonato. À noite, devotos participam da novena em honra à São Benedito, sob responsabilidade da equipe que conduz a liturgia da festividade. Após a missa, uma apresentação cultural no coreto da Praça Antônio Pereira encerra as atividades, que voltam a acontecer no dia seguinte, na segunda parte da festa.

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