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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ilha do Marajó retratada nas telas de cinema

A Ilha do Marajó é um mistério para a maioria dos brasileiros, que dirá o mundo. Todos aprendemos na escola que trata-se da maior ilha fluvio-marinha do planeta. Mas quem são as pessoas, os bichos e as plantas que habitam o local? Quais são as tradições e os desafios modernos que enfrenta o arquipélago como um todo?


Regina Jehá, cineasta, decidiu contar esta história quando embarcou em uma expedição pelo Amazonas e ao chegar na foz do maior rio do planeta retratou a realidade da ilha. Para isso, aliou-se a uma das ONGs mais atuantes do arquipélago, o Instituto Peabiru, comandada pelo escritor João Meirelles Filho.

Viva Marajó um documentário de 54 minutos produzido em apenas 2 meses. Recebeu trilha de Egberto Gismonti e já foi apresentado em 4 festivais internacionais. A pré-estréia entretanto ficou reservada para os marajoaras, que segundo Regina ficaram tomados pela “ a emoção de se verem refletidos, sem máscaras, sem enredos, simples assim, como na vida cotidiana”.

Nesta entrevista, a cineasta conta das dificuldades de produzir um documentário nesta região da Amazônia. Ela revela também suas expectativas para que o filme torne-se um instrumento para fazer a Ilha de Marajó mais conhecida em todo país. 

Como você se envolveu no projeto e como foi a parceria com João Meirelles do Instituto Peabiru?

Sou amiga do João Meirelles há muitos anos. Além da amizade e do respeito mutuo, a paixão pela Amazonia nos manteve unidos ao longo deste tempo. Sabendo que a Lauper Films, minha empresa produtora, tinha um projeto de realizar uma expedição ao longo do rio Amazonas para realizar o documentário "Gondwana, um river movie",João decidiu me convidar para participar do projeto do Viva Marajó.

Qual foi a recepção do público de Marajó ao projeto e depois durante a exibição?

Desde a viagem inicial, quando embarquei, sozinha, para a pesquisa de campo, fui muito bem recebida. O povo marajoara é muito hospitaleiro e obtive todo o apoio possivel em todas as circunstancias, mesmo as mais inesperadas. Quando o documentário ficou pronto, fizemos uma pré-estréia em uma comunidade perto de Breves, a sudoeste do Arquipélago. A primeira coisa que pude observar foi a excitação deles estarem vivenciando, pela primeira vez, esta experiência coletiva de estarem reunidos assistindo um filme num telão; depois, a emoção de se verem refletidos, sem máscaras, sem enredos, simples assim, como na vida cotidiana, falando de suas questões, de seus problemas, mas também da beleza e da riqueza de sua cultura; e, por último, a surpresa de conhecerem outras realidades que fazem parte do mesmo arquipélago. Como o estranhamento dos adolescentes que moram lá, nesta comunidade de agricultores, ao verem, pela primeira vez, um pirarucu, que é encontrado ao norte do arquipélago ou um búfalo, comum a leste da ilha.

De que forma você acredita este documentário pode ajudar a percepção das pessoas que nunca estiveram na ilha?

Acredito na contribuição para o conhecimento e um re-conhecimento desta realidade tão diversa, tão rica e tão complexa que é a do Arquipélago do Marajó, pois aqui no sul do país só conhecemos a Ilha do Marajó. Na verdade, com mais de 50 mil km2 de extensão, trata-se do maior arquipélago fluvio-marinho do mundo, formado por aproximadamente 2500 ilhas e ilhotas espalhadas pelos meandros dos rios, riachos, igarapés e furos dos rios Amazonas e Tocantins. Delas, quarenta e cinco ilhas são consideradas médias e grandes, como a Ilha do Marajó, a Mexiana, a Caviana e a Ilha do Pará.

Durante as filmagens e produção, quais foram os desafios e temas mais presentes para vocês?

Dada a grande riqueza de ecossistemas e de temas, nosso maior desafio durante a pesquisa foi selecionar os locais, temáticas e as personagens a serem filmadas. Depois, na pré-produção, elaborar uma estratégia de produção que desse conta desta complexidade. E, durante as filmagens, a grande questão foi realizar o roteiro no tempo previsto para a produção, com todas as dificuldades de deslocamento inerentes ao fato de que no Marajó as distancias são imensas e as possibilidades de locomoção, limitadas.

Que desdobramentos ou projetos futuros que a você espera possam ocorrer como consequência deste primeiro documentário? 

Este documentário, que pretende inaugurar uma série, foi inteiramente realizado a partir da voz do marajoara. O cinema não só como instrumento de diversão mas também de reflexão, com o objetivo de contribuir para o debate sobre o que precisamos entender por cidadania, sustentabilidade, desenvolvimento e áreas protegidas. Até o final do mes de novembro, mais de 4000 marajoaras terão assistido o documentário, como parte do Programa Viva Marajó, do Instituto Peabiru e patrocínio do Fundo Vale. Além disto, o filme pretende colaborar para, em uma ação conjunta com a SEMA (Secretaria de Estado de Meio Ambiente), promover a criação, junto à UNESCO, da Reserva da Biosfera do Marajó, como parte do Programa Homem e Biosfera.



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