Após o anúncio dos vencedores do Prêmio Samuel Benchimol, agora é a vez do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) agraciar estudiosos amazonenses. O órgão contemplou a farmacêutica-bioquímica, Maria de Nazaré Góes, o geógrafo, Aziz Ab’Saber, e o físico Marco Antônio Raupp, com a Menção Honrosa Rio Negro.
A pesquisadora amazonense foi uma das primeiras a atuar no Inpa, ainda na década de 1950. Trabalhou no Instituto durante 38 anos, publicou mais de 40 trabalhos científicos em periódicos nacionais e internacionais – principalmente na área de hidrometeorologia. Pela dificuldade de obtenção de recursos para pesquisa no Brasil, atuou em trabalhos realizados em parceria com instituições estrangeiras, como a Universidade de Washington, o Instituto de Hidrologia da Inglaterra e a Agência Internacional de Energia Atômica da Áustria.
Emocionada com a honra, Maria de Nazaré Góes relembrou a trajetória de vida profissional. “Em qualquer época, o campo da pesquisa é sempre muito difícil, porque as instituições financeiras poucas vezes destinam dinheiro para investir nisso. Hoje, o Inpa é uma instituição estabelecida e com um nome consolidado, mas foi um trabalho árduo no início por causa da falta de verba para projetos”, disse.
O geógrafo homenageado, Aziz Ab’Saber, é uma das principais referências em assuntos relacionados ao meio ambiente e aos impactos ambientais. Possui, entre seus trabalhos mais importantes, um estudo sobre o clima e a ecologia da Amazônia brasileira, publicado em 1982. Aos 78 anos de idade relembrou dos tempos em que esteve em Manaus. Segundo ele, os cientistas brasileiros devem ser mais criativos para explorar novos horizontes da pesquisa na região amazônica.
Outro homenageado, o físico Marco Antônio Raupp, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) é PhD em Matemática pela Universidade de Chicago e possui livre-docência pela USP. O especialista atuou como pesquisador e diretor no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), além de presidir outras instituições de pesquisa brasileiras. Foi em sua gestão que Manaus foi escolhida para sediar o encontro da SPBC, em 2009.
A escolha
A definição dos nomes condecorados é feito por indicação dos membros do conselho diretor do Inpa, formado pelos responsáveis pelas coordenações de pesquisa do Instituto. Seis nomes são indicados para avaliação do Conselho Técnico Científico do Inpa. “A contribuição do trabalho deles é tão marcante que não houve como não agraciá-los”, comentou Val.
Para o diretor do Inpa, Adalberto Val, não há dúvida sobre a contribuição do trabalho desses três cientistas para o Brasil, especialmente para o avanço da ciência na Amazônia. “É papel do Inpa reconhecer o conjunto da obra dessas pessoas que se dedicaram tanto e construíram informações que são a base sobre a qual nós avançamos com as pesquisas”, ressaltou durante a cerimônia, realizada na última sexta-feira (25).
O Inpa criou a Menção Honrosa Rio Negro em 2008 e já premiou nove personalidades, entre pesquisadores e agentes políticos por sua contribuição ao desenvolvimento da pesquisa na Amazônia. “No Brasil, a gente reconhece pouco a obra dos nossos cientistas e, por isso, é um orgulho muito grande ter conseguido criar e estar mantendo a Menção com tanto sucesso”, disse o diretor.
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