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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Quatro Nobéis e as fronteiras da química

Quatro laureados com o prêmio Nobel de Química participam na Unicamp da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) sobre “Produtos Naturais, Química Medicinal e Síntese Orgânica”, entre 15 e 18 de agosto, no Centro de Convenções. Os premiados são Ei-ichi Negishi (Nobel em 2010), Ada Yonath (2009), Richard Schrock (2005) e Kurt Wüthrich (2002). Eles vêm acompanhados de mais 14 palestrantes brasileiros e estrangeiros posicionados na fronteira das pesquisas nestas três áreas da química, a exemplo do químico medicinal Simon Campbell, líder da equipe de pesquisadores que desenvolveram o Viagra e outros medicamentos para controle da pressão arterial.

Seguramente, este é o maior evento comemorativo do Ano Internacional da Química (AIQ 2011) no Brasil. Iniciativa mundial da Unesco, aprovada em Assembleia da ONU e que tem o apoio da IUPAC – União Internacional de Química Pura e Aplicada, o AIQ 2011está motivando inúmeras atividades abordando a química no contexto dos atuais desafios globais. A proposta que permeia todo o calendário de celebrações é de procurar mudar a imagem distorcida que persegue esta ciência, ainda bastante associada a malefícios à saúde humana e riscos ao meio ambiente.

A ESPCA, por sua vez, é um programa da Fapesp que envolve cursos de curta duração em ciência e tecnologia para alunos de graduação, pós-graduação e pós-doutorado. Esta edição é organizada conjuntamente por Unicamp, USP, Unesp e UFSCar, com patrocínio da Sociedade Brasileira de Química (SBQ). Docentes das quatro universidades integram os comitês científico e executivo, sob coordenação da professora Vanderlan Bolzani, da Unesp. A organização selecionou 200 estudantes para participar da Escola, sendo que 100 deles (50 do Brasil e 50 do exterior) têm passagens, hospedagem e alimentação custeadas pela organização, enquanto outros 100 vieram por conta própria.

“Tenho claro que a química é, talvez, a área mais decisiva do conhecimento humano para a promoção do bem-estar social e o avanço da tecnologia. Embora esta ciência ainda seja vista como uma atividade que traz riscos ambientais, os químicos, juntamente com os ecólogos, são provavelmente os profissionais mais preocupados em desenvolver processos de menor impacto na natureza. Para ser devidamente equacionada, a questão ambiental requer conhecimentos químicos bastante profundos”, defende o professor Ronaldo Aloise Pilli, pró-reitor de Pesquisa da Unicamp e membro do comitê científico da ESPCA, seguindo a proposta preconizada para o Ano Internacional da Química.

O pró-reitor, que é professor do Instituto de Química (IQ), lembra que a química é chamada de ciência central, por se relacionar com praticamente todas as áreas do conhecimento, como física, medicina, biologia e engenharias. “Por exemplo, na área de materiais, seja para a construção civil, eletrônica ou petroquímica, há inúmeras contribuições da química enquanto ciência que se ocupa das interações em nível molecular. Não é à toa que a nanotecnologia, embora tenha se tornado uma área do conhecimento por si própria há apenas duas décadas, conte com forte contribuição da química desde muitos anos atrás”.

Na opinião de Ronaldo Pilli, quando se trata de desenvolver produtos que atendam a um maior segmento social, deve-se pensar em processos economicamente viáveis e ambientalmente sustentáveis. “A questão toda se resume à seguinte ideia: os desafios impostos à sociedade moderna são energia, meio ambiente, saúde e, se não nos preocuparmos a tempo, alimentos e água; e em todos eles, a química terá papel fundamental. Mas a sociedade também precisa mudar seus hábitos, devemos nos educar e educar as novas gerações a produzir com inteligência e a consumir com responsabilidade. De nada adianta aperfeiçoar os métodos de produção se o cidadão trocar o celular a cada novo lançamento, ainda que o anterior atenda perfeitamente à sua necessidade”.

Na visão do professor, o Brasil já possui uma boa massa crítica de pesquisadores em química de produtos naturais, química medicinal e síntese orgânica, alguns de destaque internacional. “Outro objetivo desta Escola São Paulo é atrair público de outras partes do país e do exterior para as nossas universidades e programas de pesquisa. Particularmente, queremos que visitem a Unicamp para que conheçam nosso potencial e se interessem por voltar, seja como estudantes de pós-graduação e pós-doutorado ou eventualmente como professores. Esta administração tem forte propósito de expandir o universo de candidatos qualificados às nossas vagas docentes”.

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