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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ministro da Agricultura atribui denúncias de corrupção contra ele a 'descontentes'

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, atribui a gestores descontentes por terem sido afastados devido a irregularidades a origem de notícias publicadas pela imprensa em que seu nome é associado a esquemas de corrupção na pasta e na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), nesta quarta-feira (10), Rossi disse que instaurou comissão de sindicância para apurar as supostas irregularidades.

Conforme o ministro, a auditoria será conduzida por servidores da Advocacia Geral da União (AGU) para que haja total isenção. Além dessa providência, ele informou que também pediu a apuração pela Controladoria Geral da União (CGU) sobre as denúncias, entre as quais a suposta ação de lobista no ministério. Acusado de facilitar a ação do lobista Júlio Fróes, o secretário-executivo do ministério, Milton Ortolan, pediu demissão na semana passada.

Conluio

Rossi abordou a briga judicial entre a Conab e a Sociedade Produtora de Alimentos Manhaçu (Spam), em que, devido a perda de prazo, a estatal foi condenada a pagar valores que chegam hoje a perto de R$ 150 milhões. Em reportagem publicada pela revista Veja na semana passada, sem mencionar a fonte, a revista teria indicado a existência de pessoa - com traços físicos que se assemelham aos do ministro - interessada em facilitar acordo para o pagamento. Rossi destacou que, ao contrário, quando dirigiu a Conab, em 2009, tomou todas as iniciativas para anular a sentença judicial. Segundo ele, há provas de que houve conluio entre um procurador da Conab, Raimundo Nonato de Oliveira Santo, para favorecer aquela empresa na questão.

- Como fizemos a nossa obrigação, aquele que foram impedidos de completar um golpe dessa natureza vieram com uma vindita [vingança] de baixo nível fazendo uma acusação - rebateu.

Terreno

O ministro tratou ainda das denúncias feitas contra ele por Oscar Jucá Neto, ex-diretor financeiro da Conab e irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Pela decisão pessoal de pagar R$ 8 milhões para armazém em nome de laranjas, ele acabou afastado do cargo dez dias depois de tomar posse. Depois, à Veja, disse que o ministro havia lhe prometido dinheiro em troca de silêncio. Jucá Neto também acusou Rossi de vender terreno da Conab, em valorizada área de Brasília, por preço abaixo do de mercado.

Rossi salientou que a licitação não foi feita em sua gestão na Conab, em 2009, mas disse que os responsáveis cumpriram todos os requisitos, desde pedir a prévia avaliação do terreno à Caixa Econômica Federal. Ainda na estatal, conforme assinalou, ele atuou para recuperar o terreno, doado para construção de clube de servidores nunca construído. Observou que o preço final foi de R$ 8,1 milhões, ficando R$ 30 mil acima da avaliação da Caixa.

Respeito a vínculos

Apesar das acusações deflagradas por Jucá Neto, o ministro respondeu ao senador Alvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento para a audiência, que até o momento não pensa em processar o ex-diretor da Conab. Disse que o demitiu por ter cometido grave infração administrativa e que essa era sua obrigação funcional. Agora, porém, afirmou que não deseja somar mais uma pena àquela que ele já sofreu com a perda do cargo. Por respeitar vínculos familiares, disse que deseja também evitar mais "constrangimentos" a pessoas ligadas ao ex-diretor.

- Cada um de nós é de uma maneira. Eu sou uma pessoa que não sei exercer o ódio no limite. Não tenho ódio nem tenho qualquer questão pessoal com o Sr. Orlando Jucá Neto - afirmou.

O ministro ainda foi questionado por Alvaro Dias por dizer que não conhece Júlio Fróes, o suposto lobista que atuava na sua pasta. Conforme explicou, ele disse não ser "porteiro" e desse modo não tem condições de controlar o acesso de pessoas ao prédio ministerial. Também reiterou sua confiança no ex-secretário-executivo da pasta, Milton Ortolan. Disse que o ex-colaborador ainda provará sua inocência.


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