A história da ocupação desordenada em Manaus, no Amazonas, marcada por invasões a áreas verdes, causou desmatamento e uma intensa fragmentação de suas florestas urbanas. Esforços conjuntos ajudaram a criar iniciativas, como o Corredor Ecológico do Mindu, que deveriam garantir a preservação de áreas remanescentes. Contudo, em plena semana do meio ambiente, a empresa Moto Honda pretendia desmatar uma área dentro de um bairro residencial para construir uma pista de motocross. Após denúncias de moradores, a obra foi embargada provisoriamente pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), mas ainda não está certo se vai deixar de ser concretizada.
A empresa recebeu autorização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) para desmatar 7,4 hectares, mesmo que o Plano Diretor não permita este tipo de empreendimento em área residencial. O Ipaam não endossou a licença e a obra foi embargada. A área abriga espécies ameaçadas, como o Sauim-de-Coleira. “Os fragmentos florestais melhoram a qualidade de vida do cidadão, diminuem os bolsões de calor e filtram a poluição do ar, além de ser fonte de lazer”, ressalta Rita Mesquita, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
A mobilização da população foi fundamental para esse processo. “Houve falta de critérios da prefeitura ao licenciar o empreendimento em área residencial sem considerar os impactos na vizinhança”, enfatiza Márcia Lederman, uma das lideranças à frente do processo. Além da pista de motocross, a empresa visa construir o Centro de Treinamento de Manaus (CTM) para treinar mais de 4 mil alunos por ano para pilotar motocicletas. “Existe uma incoerência na proposta da empresa entre a conservação ambiental e o empreendimento. O problema não é usar a área, mas o que instalar e empreender sobre ela”, critica Márcia. Embora possa atrair investimentos e melhorar a educação dos motociclistas no trânsito caótico da cidade, a localização é completamente inadequada.
Florestas em luto
Na luta pelo verde das florestas, no sábado, dia 4, o Museu da Amazônia (Musa) organizou um protesto contra a aprovação do novo Código Florestal, com apoio de moradores da cidade. Uma bandeira com a frase “Florestas em Luto” foi hasteada na árvore angelim-pedra, que fica no Jardim Botânico. “Estamos todo em luto pela possibilidade da perda de florestas. Esperamos que o Senado tenha a lucidez necessária e que contemple os anseios da sociedade e não apenas dos ruralistas, como fizeram os deputados”, diz Márcia. "A compreensão do valor dessa floresta precisa se espalhar pela sociedade", completa Mesquita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário