A carne produzida em laboratório está se tornando uma realidade. A ideia pode parecer bastante estranha, mas, de acordo um estudo realizado pelos cientistas das universidades de Oxford e Amsterdã, essa seria uma maneira de reduzir em 96% a emissão de carbono relacionada à indústria pecuária e livrar muitos consumidores da culpa por não abrir mão do bife em suas refeições.
No processo artificial, a participação do animal se limita ao fornecimento de células do seu músculo. Depois de coletadas, elas são adicionadas a uma proteína capaz de fazer com que essas células cresçam e se transformem em uma grande porção de carne de boi, de frango ou até mesmo de porco – dependendo da espécie do animal doador. Segundo a análise dos pesquisadores, essa técnica demandaria entre 7% e 45% menos energia que o mesmo volume de carne produzido convencionalmente e poderia ser posta em prática usando apenas 1% de terra e 4% do volume da água necessários na pecuária tradicional.
É preciso lembrar que, de toda a emissão de gases estufa provocada pelos humanos, a indústria pecuária é responsável por 9% do dióxido de carbono, 65% do óxido de nitrogênio, 37% do metano e também libera grandes quantidades de amônia, contribuindo para a formação de chuva ácida. Sem contar que a criação de animais para o corte faz uso de 30% da superfície terrestre, incluindo aí a quantidade de espaço usado para produzir alimento para o gado. No Brasil, onde há cerca de 200 milhões de bovinos — mais do que o número da população humana do país — estima-se que 70% da destruição da Floresta Amazônica tenha sido usada para dar lugar a pastagens.
Além das vantagens ambientais previstas pelos estudiosos, o investimento na produção de carne in vitro poderia ser uma boa alternativa para fornecer um alimento nutritivo e barato para a crescente população mundial. O consumo da proteína animal tem aumentado, já que milhões de pessoas em países de economia emergente, como China e Índia, estão vencendo a pobreza e incorporando algum tipo de carne às suas dietas. Por outro lado, ao aliviar a pressão sobre as fazendas ao redor do mundo, os pesquisadores acreditam que essa técnica também melhoraria o bem-estar dos animais.
A carne artificial ainda não é produzida em escala comercial, mas, segundo a pesquisadora Hanna Tuomisto, que liderou o estudo, se forem feitos mais investimentos, o primeiro laboratório comercial pode entrar em funcionamento em até 5 anos. A organização People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) já está financiando pesquisas sobre a técnica.
The Guardian
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