Presidente diz a ministros que vai criar programa de construção de 800 mil cisternas para ancorar plano antimiséria e atender 5 milhões de famílias "Depois do Luz para Todos, vamos ter o Água para Todos",afirmou a presidente, numa referência ao programa de energia elétrica lançado em novembro de 2003, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia também foi exposta por Dilma em conversa com dirigentes de seis centrais sindicais, no último dia 11, no Palácio do Planalto.
Com lançamento previsto para maio, o Água para Todos é inspirado no programa de mesmo nome, adotado pelo governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). "É uma coisa fantástica. Conseguimos levar água para mais de 2 milhões de pessoas", disse Wagner. "A presidente conversou comigo sobre o projeto e nossos técnicos estão trabalhando com o Ministério da Integração Nacional."
Atualmente, diversas organizações não governamentais (ONGs) já investem na construção de cisternas no Brasil, principalmente na Região Nordeste, mas Dilma quer ampliar o trabalho. O projeto Um Milhão de Cisternas, por exemplo, é uma iniciativa adotada pela Articulação do Semiárido (ASA), ONG que reúne 700 entidades da sociedade civil. "Não podemos depender apenas da iniciativa dessas entidades", insistiu Dilma, segundo relato de um ministro. "O governo precisa entrar nisso."
Dilma quer transformar o Água para Todos em marca de seu governo.
Plano.
Depois do reajuste de até 45,5% nos benefícios pagos pelo Bolsa Família - a média de aumento ficou em 19,4% -, o foco das propostas em estudo na Esplanada é a qualidade de vida da população carente.
Na prática, o plano de erradicação da miséria será a sistematização de programas já existentes, lançados no governo Lula, com algumas "cerejas" no bolo. Uma delas é o sistema de abastecimento de água, que, por enquanto, não está integrado à polêmica transposição das águas do rio São Francisco.
O novo projeto tem a ambição de criar um círculo virtuoso, associado a ações de saneamento - até hoje a grande dor de cabeça do governo, apesar das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - para atrair investimentos, melhorar a produção e gerar renda. Dados do Ministério da Integração Nacional indicam que 58% da pobreza no Brasil está espalhada pelo semiárido, grande parte na zona rural.
A região abrange os sertões da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e uma fatia do sudeste do Maranhão, além do norte de Minas Gerais e Espírito Santo. Trata-se de uma área de 868 mil quilômetros castigada pela seca.
Na segunda-feira, Dilma admitiu que os quatro anos de seu mandato podem não ser suficientes para erradicar a miséria no País. "Mas vou insistir tanto nisso que esse objetivo ficará selado nas nossas consciências", ressalvou ela, em Belo Horizonte.
Outro foco do plano para acabar com a pobreza está concentrado na preparação das chamadas "portas de saída" do Bolsa Família. Até agora, a concessão de microcrédito e programas de capacitação voltados para as classes D e E não foram considerados suficientes. Hoje, a maior preocupação da presidente reside no combate ao analfabetismo.
Nas conversas com auxiliares, Dilma sempre define o Luz para Todos - que tem o desafio de acabar com a exclusão elétrica do País - como "um dos maiores programas" do governo Lula. "Quando eu era ministra de Minas e Energia, fui com o presidente Lula à casa de uma senhora, em Tocantins. A mão dela tremia na hora de acender a luz. Foi uma cena comovente", lembra Dilma. Agora, ela quer repetir a dose com o Água para Todos.
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