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quarta-feira, 30 de março de 2011

Previsão de cheia: nível máximo do Rio Negro neste ano pode chegar a 28,25m

O objetivo da pesquisa feita pelo Inpa e Instituto Max Planck de Química é ajudar na elaboração de ações em enchentes. Segundo o estudo, a cheia deste ano será uma cheia normal, mas o que chama a atenção é a alta amplitude do Rio Negro, ou seja, a diferença em metros entre seca e vazante. 

Por Josiane Santos e Daniel Jordano
A cheia deste ano não deve superar a cheia histórica de 2009. A informação vem de um estudo feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e do Instituto Nacional Max Planck de Química (Alemanha). Na última medição feita pela Sociedade de Navegação Postos e Hidrovias – Manaus (SNPH) nesta segunda-feira (28), o Rio Negro registrou o nível de água de 24,72 m.
Mas o que chamou a atenção dos especialistas é a chamada amplitude do Rio Negro. Segundo a pesquisa, a relação ao nível mínimo do ano passado, o Rio Negro já encheu 11,10 m, mais que a amplitude (diferença entre a seca e a cheia) média de 10,2 m registrada nos últimos 108 anos e restam ainda três meses para o rio continuar enchendo.Os dados foram baseados em um modelo que prevê cheia para a região de Manaus e arredores de até 100 km de raio.  Se a previsão se confirmar, a amplitude do Rio Negro poderá alcançar um valor entre 13,88 e 14,62m. Isso seria uma das maiores amplitudes já observadas desde que iniciou o monitoramento dos níveis de água.

“O aumento de chuvas (durante La Niña) e diminuição de chuvas (durante El Niño) nas amplas cabeceiras do Rio Solimões e seus afluentes resulta consequentemente em cheias mais severas (La Niña) e cheias mais fracas (El Niño) na região da Amazônia Central”, explica o pesquisador do Max Planck, Jochen Schöngart, participante da pesquisa. 
Previsão 
As previsões da cheia são realizadas por meio de um modelo que integra o nível de água no Porto de Manaus no mês fevereiro com as informações das condições do Pacífico Equatorial. O aquecimento (El Niño) e o resfriamento (La Ninã) das águas superficiais do oceano nas regiões central e oriental do Pacifico Equatorial alteram a circulação atmosférica afetando o regime de chuvas da bacia Amazônica. A previsão da cheia neste ano indica um nível máximo entre de 27,51 a 28,25 m (media de 27,88 m).

A Amazônia Central possui um ciclo hidrológico caracterizado por uma cheia, que ocorre geralmente na segunda quinzena de junho, e uma vazante, que ocorre no final de outubro e início de novembro. A maior cheia (29,77 m) e vazante (19,63 m) foram registradas nos anos de 2009 e 2010, respectivamente. Desde 1902 são registrados os níveis de água no Porto de Manaus.
“Analisando a série temporal do porto de Manaus observa-se que nos últimos 25 anos as cheias indicam uma leve tendência de aumento e as secas tendem ser mais e mais severas. Com isso as amplitudes, as diferenças calculadas entre cheia e seca, aumentam. Existe uma grande preocupação ao respeito de futuras cheias e a secas no contexto das mudanças climáticas, devido ao aquecimento previsto das águas superficiais dos oceanos Pacifico Equatorial e Atlântico Tropical, que tem um impacto significativo no regime pluviométrico na Amazônia. Porém, entre as bacias de rios na Amazônia existem grandes diferenças como anomalias de temperatura superficiais dos oceanos tropicais afetam cheias e secas”, explica Schöngart. 

O pesquisador ressalta que essas mudanças que interferem, principalmente, no modo de vida das comunidades residentes nos locais sofridos por esses fenômenos. “O pulso de inundação controla os ritmos de crescimento, ciclos de vida de espécies de fauna e flora nas áreas alagáveis e as atividades econômicas das populações ribeirinhas como pesca, agricultura e extração de madeira”, analisou.

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