Redirecionamento

javascript:void(0)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Aquífero de Alter do Chão pode superar o Guarani


Estudos realizados por pesquisadores da UFPA – Universidade Federal do Pará e da UFC – Universidade Federal do Ceará apontam que o Aquífero Alter do Chão, na região Norte do Brasil, pode superar o potencial de volume de água do Aquífero Guarani
 
A região Norte do país começa a se projetar além da abundância das águas de seus rios e da Floresta Amazônica. Localizado sob os estados do Pará, Amazonas e Amapá, está em estudo o Aquífero de Alter Chão (nome homônimo à região de praias doces ao longo do Tapajós, PA), por uma equipe formada por pesquisadores da UFPA – Universidade Federal do Pará e da UFC – Universidade Federal do Ceará. De acordo com avaliações preliminares, os pesquisadores destacam que pode ter volume superior de água ao Aquífero Guarani, respectivamente de 86.400 Km³ (86,4 quatrilhões de litros) contra 45.000 Km³.

"Os estudos dos primeiros sinais do Aquífero Alter do Chão se remetem aos anos 60, quando havia perfurações da Petrobras, na região. Mas somente no ano passado, nossa equipe iniciou a atual sistematização e levantamento dos dados que estão sendo interpretados", explica Milton Antônio da Silva Matta, geólogo e Doutor em Hidrologia e um dos coordenadores do estudo, que atua como coordenador do Larhima - Laboratório de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da UFPA.

De acordo com o pesquisador, o desafio é se instituir parcerias para que haja financiamento para o prosseguimento dos estudos. "Precisamos fornecer mais dados, para que haja o reconhecimento oficial desse aquífero. Iremos recorrer a parcerias". Em sua avaliação, a iniciativa também apresenta relevância, do ponto de vista social. "Temos a maior reserva de água doce subterrânea do mundo e um patrimônio enorme relativo ao abastecimento de água potável. Isso representa uma reserva estratégica imensa, no contexto mundial".

O pesquisador considera que é preciso haver maior reconhecimento sobre esse patrimônio formado pelo Aquífero de Alter do Chão e pelo Aquífero Guarani, além de outros pouco conhecidos, como o de Pirabas, no Nordeste do Pará. Este último, segundo ele, é reserva estratégica para mais de 50% da população paraense, em uma área com mais de 3,7 milhões de pessoas. No caso do Guarani, Matta reforça que existe um complicado arranjo internacional para sua gestão, devido à sua grande extensão, que ultrapassa as fronteiras brasileiras. "Esse é um outro ponto a favor do Aqüífero Alter do Chão, porque a gestão será mais facilitada por ser exclusivamente nacional e da Amazônia".

Segundo o MMA – Ministério do Meio Ambiente, no Brasil, o Guarani abrange os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e abastece cerca de 500 municípios completa ou parcialmente. No exterior, ainda ocupa áreas na Argentina, Uruguai e Paraguai.

Segundo Silva Matta, de uma maneira geral, a vantagem das águas subterrâneas sobre as superficiais é o fato de serem mais abundantes; terem melhor qualidade físico-química e bacteriológica; maior proteção contra evaporação e facilidade para captação, entre outras.

Um dos motivos para a subutilização dessa fonte, na avaliação do geólogo, é o fato de não ser visível e também por não fazer parte da lógica tradicional das grandes obras contra a seca. "Mas várias cidades, principalmente, dos estados do Amazonas e do Pará, usam essas águas para abastecimento público. Entre elas, estão Manaus, Belém, Santarém e da Ilha de Marajó. Especialmente em Santarém, estamos atualmente trabalhando junto com o Ministério Público do Baixo Amazonas, no projeto de abastecimento de água do município, que deverá ser feito com as águas do Alter do Chão", adianta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário