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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Biota-FAPESP prepara-se para salto qualitativo em suas pesquisas sobre biodiversidade


Objetivo é atuação alinhada com o conceito internacional de estudos de longa duração, que geram dados de uso mais assertivo nas políticas públicas de gestão ambiental. Biota receberá experiências de sucesso brasileiras e internacionais em evento no dia 23/11
O programa Biota-FAPESP, que é referência em pesquisa sobre biodiversidade, prepara-se para dar um salto qualitativo em sua metodologia de pesquisa. Para isso, pretende se inspirar nos critérios que são adotados em vários países da Europa e Estados Unidos em redes integradas de pesquisa que fazem o chamado estudo de longa duração.
Segundo Luciano Verdade, professor da USP e um dos coordenadores do Programa Biota-FAPESP, os estudos de longa duração podem geram resultados mais relevantes porque levam em conta uma abrangência de tempo e de espaço maiores, fatores decisivos para compreender os ciclos de mudanças ambientais, considerando os fatores biológicos e humanos que determinam o padrão de distribuição e abundância de espécies.
"Como as mudanças ambientais ocorrem em uma dimensão de tempo longa, estudá-las e compreendê-las, portanto, exige pesquisas de longa duração", diz Verdade. Para exemplificar, o ciclo de uma plantação de eucaliptos ou de uma pastagem é de cinco a sete anos. Já o estudo em maior escala de espaço, caracterizado pela abrangência e representatividade da variedade de biomas e paisagens agrícolas, cujos dados sejam compatíveis entre si, comparáveis e compartilhados, é fundamental porque nem sempre variáveis e impactos importantes são identificados em estudos isolados.
Esse modo de pesquisar biodiversidade requer a formação de redes integradas de pesquisa, em sítios selecionados a partir da identificação de necessidades de investigação científica. E essas redes devem seguir uma padronização na coleta e nomeação de dados e permitir a construção de séries temporais de informações que possam ser compartilhadas por meio de um banco de dados aberto.
Programas de monitoramento de longa duração no hemisfério norte detectaram, por exemplo, variações nos padrões de distribuição de espécies de plantas e animais em função de mudanças climáticas. Detectaram também a ocorrência de doenças em populações silvestres, algumas com relevância econômica. "Essas variações dificilmente seriam detectadas em estudos isolados de curta duração", diz Verdade, coordenador do International Workshop
on Long-term Studies on Biodiversity, que será realizado pelo Biota-FAPESP no dia 23 de novembro, próxima terça-feira.

 
International Workshop on Long-Term Studies on Biodiversity
No evento, o Biota-FAPESP discutirá aspectos práticos para implementação de programas de estudo de longa duração no Brasil e em São Paulo, com base na experiência de agências de fomento como a National Science Foundation (NSF) e grupos de pesquisa já bem estabelecidos, internacionais e brasileiros. Os programas que serão apresentados são:

 
 - Dimensions on Biodiversity: programa de documentação da biodiversidade, que integra as dimensões genética, taxonômica e funcional, será apresentado por Penelope L. Firth, da Divisão de Biologia Ambiental da NSF dos Estados Unidos.

- National Ecological Observatory Network (NEON): programa financiado pela NSF americana, disponibiliza dados consistentes, de longo prazo e em escala continental, que servem de contexto para investigação, compreensão e previsão dos impactos de mudanças do clima, no uso da terra e espécies invasoras. Será apresentado por Michael Keller, da NSF.
- Long-Term Ecological Research (LTER), de Portugal: surgiu nos Estados Unidos na década de 80. Depois se tornou uma rede internacional, que  inclui a Rede Europeia LTER, constituída por cerca de 24 países e que tem como principais objetivos armazenar dados relevantes em ecologia, estabelecer contatos entre instituições e investigadores que desenvolvem estudos em ecologia e promover a permuta do conhecimento. A experiência do LTER-Portugal será apresentada por Margarida Santos-Reis, da Universidade de Lisboa.
- Programa de Estudos de Longa Duração (PELD): programa de pesquisa ecológica induzida, cuja execução está centrada numa rede de sítios selecionados e representativos de vários ecossistemas brasileiros. Será apresentado por Francisco Antonio R. Barbosa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um dos coordenadores do PELD e responsável por um conjunto de pesquisas ecológicas de longo prazo, com foco no inventário e propostas de conservação de organismos terrestres e aquáticos da bacia do rio Doce, em Minas Gerais.
- Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio): programa do Ministério da Ciência e Tecnologia, de abrangência nacional, com um grande número de sítios de estudos de biodiversidade e exemplo bem-sucedido de padronização amostral e de banco de dados aberto à sociedade. Será apresentado por Flávia Costa, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
- Avaliação intermediária de programas de longa duração: outro aspecto importante a ser considerado no planejamento de pesquisas de longa duração é a avaliação intermediária, ou seja, avaliar se os resultados obtidos no decorrer do desenvolvimento da pesquisa estão atendendo aos objetivos propostos, para possíveis ajustes de rota. Rafael de Sa, da Divisão de Biologia Ambiental da NSF, falará do sistema de avaliação adotado pela Fundação.
- Banco de dados compartilhado: Luiz Horta, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apresentará a estrutura e funcionalidade do Banco de Dados do LBA – Programa de Grande Escala da Biosfera – Atmosfera da Amazônia, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA). O banco de dados reúne informações coletadas em mais de 150 pesquisas realizadas por 1.400 cientistas brasileiros, 900 de países amazônicos, oito nações europeias e de instituições americanas, em parceria com cerca de 280 instituições nacionais e estrangeiras.

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