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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Tempestade em copo de laranja

Começamos o ano com a ameaça de termos parte da produção do suco cítrico brasileiro proibido de ingressar nos Estados Unidos. Trata-se, neste caso, de uma “tempestade em copo de laranja”. Primeiro que os Estados Unidos, representa 15% do consumo brasileiro. 85% da nossa produção vai para outros mercados. Do ponto de vista da segurança alimentar, a produção brasileira segue os rígidos padrões internacionais e atuamos dentro da lei. Tanto internacional, como local. O fungicida Carbendazin atua contra a pinta preta, que deixa a laranja não estética. O “codex alimentar” aceita universalmente em torno de 1.000 partes por bilhão dos resíduos desse químico. Exportamos para a Europa que tolera 200 partes; o Canadá 1.000. O Ministério da Agricultura do Brasil determina até 5.000 partes por bilhão e o Japão aceita até 3.000. Os Estados Unidos aceitavam da mesma forma até 2009, quando numa intervenção da EPA, a agencia ambiental, definiram tolerância zero nesse item.
Porém, continuaram recebendo as produções brasileiras, que apresentam em média indicadores em torno de 30 partes por bilhão. A pulverização do Carbendazin foi proibida nos Estados Unidos, mas o tema não foi incluído nos registros do Safety Concern, tanto é que o produto continua sendo usado pelos americanos na produção de maçã, pêssego, morango e outros. A proibição foi exclusiva para a citricultura americana.

O assunto atual é que uma companhia processadora levantou a questão para o FDA, que lendo a nova regra, informou que a tolerância era zero. Essa nota foi levantada e a industria brasileira já esteve em reunião com os técnicos americanos, para condução da questão em vias racionais. Isso quer dizer, aceitar dentro das faixas atuais em torno de 30 partes por bilhão.

O mais grave da história, não é o aspecto técnico do assunto é o problema do ponto de vista de marketing. O suco de laranja vem caindo á média de 1,6 % seu consumo nos últimos anos, e na década passada caiu 25% nos Estados Unidos, o maior mercado consumidor do mundo, representando isoladamente 40% do globo.

Claro que uma noticia dessas, correndo o mundo e envolvendo o publico leigo sobre o assunto, só irá ferir ainda mais as ações de retomada de mercado que o ramo já realiza agora junto aos consumidores. Inclusive a CitrusBr que age com uma campanha de comunicação na Europa, sendo bem recebida: ‘I feel orange”.

Sobre a possibilidade de não vendermos para os Estados Unidos, considero impossível, pois 80% do suco americano é “ blindado “ com a produção brasileira. A curto prazo haveria estoque para a oferta americana continuar, mas a médio e longo prazo os efeitos de alta nos preços e a escassez da oferta versus a demanda, terminariam por paralisar a industria daquele pais.

Com certeza, trata-se de mais um tema onde a razão e o bom senso irão prevalecer. O que vale para a indústria citrícola é criar de fato o CONSENCITRUS, colocando seus agentes todos em harmonia, e continuar vendendo mais, como o ocorrido em 2011, com negócios de cerca de US$ 2.200 bilhões, o record nos últimos 10 anos. Além disso, é vital aproximar o setor da ciência e da pesquisa brasileira objetivando sustentabilidade real e factível; continuar com maior ênfase fazendo marketing e melhorando o seu nível de diálogo com a sociedade, caso contrário sempre haverá o risco de “tempestades em copos de laranja“, terem a possibilidade de serem transformados em tsunamis na indústria.

Sobre o CCAS

Conselho Científico para Agricultura Sustentável- CCAS é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011,com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados a sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa sejam colocados a disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.

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