O principal parque tecnológico do Nordeste, o Porto Digital, em Recife, inicia amanhã uma série de discussões sobre lixo eletrônico.
O evento, que acontece na terça e quarta-feira, faz parte de um conjunto de debates sobre empreendedorismo e inovação nos segmentos de TI e sustentabilidade que há quatro anos o Porto Digital organiza, o Recife Summer School.
"Decidimos incluir a indústria de tecnologia nas discussões sobre sustentabilidade pois ela é uma grande causadora de problemas ambientais e, ao mesmo tempo, o principal setor a pesquisar soluções para estes problemas ", explica Francisco Saboya, presidente do Porto Digital.
Segundo Saboya, a ideia principal é discutir como realizar o descarte correto de eletrônicos e assegurar que seus resíduos não impactem o meio ambiente. O presidente do Porto Digital afirma que o seminário tem a capacidade de fomentar iniciativas de reaproveitamento dos materiais usados em gadgets variados e ajudar a desenhar modelos econômicos que tornem a coleta, seleção e reciclagem de eletrônicos uma atividade lucrativa.
Na análise de Saboya, os eletrônicos são uma grande fonte de poluição no Brasil, uma vez que esta indústria produz e vende muito no país, mas há poucos aterros preparados para receber este tipo de resíduo. "As prefeituras sempre alegam que não possuem recursos suficientes para criar aterros apropriados e optam por jogar resíduos muitas vezes ricos em metais pesados em lixões à céu aberto", afirma. Uma das vítimas desse processo, além do solo e água que podem ser contaminados, são os catadores deste tipo de material, expostos a cerca de 1500 tipos de substâncias tóxicas e cancerígenas existentes em smartphones, notebooks e baterias.
Saboya afirma que o tema é atualíssimo, uma vez que qualquer pessoa tem, hoje, produtos eletrônicos sem serventia em casa e pouca informação sobre como descartá-lo. O especialista pede que os consumidores prestem atenção em três critérios importantes: levar em consideração a procedência do produto; depois, atentar para não consumir em excesso, o que aumenta a durabilidade do produto e, por último, tentar consertar antes de descartar, quando o produto apresentar alguma falha. "O impacto do consumo excessivo destes equipamentos é altamente danoso à natureza", alerta.
Com o auxílio de painéis temáticos, o evento pretende abordar temas relativos às políticas públicas para o setor, como logística reversa, área que trata o caminho feito pelos produtos, desde a fábrica até o consumidos final. Também serão abordados temas como responsabilidade compartilhada no ciclo de vida dos produtos eletrônicos, Tecnologia e Inovação, além de Casos de Gestão de Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos.
Além dos painéis, o Porto Digital também promove a coleta de produtos eletrônicos. Em 2011, foi instalado um ponto de coleta na cidade, que conseguiu arrecadar 1,5 toneladas de lixo. Este ano, o número de pontos será expandido para três, em parceria com a prefeitura de Recife. A meta é subir essa quantidade de equipamentos recolhidos para 20 toneladas.
A iniciativa de coleta está circunscrita a Recife, mas Saboya afirma que outras cidades podem ter acesso às informações levantadas no seminário e reproduzir a experiência em seus municípios.
Além do Porto Digital, o evento conta com apoio da Prefeitura de Recife, Ministério de Ciência e Tecnologia, Secretaria Estadual de Tecnologia Ciência e Meio Ambiente, com o Centro de Recondicionamento de Computadores e mais duas ONGs locais especialistas na área.
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