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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Novo centro facilitará intercâmbio de cientistas

O Instituto Sul-Americano de Pesquisa Fundamental (SAIFR, na sigla em inglês) foi inaugurado oficialmente na segunda-feira (06/02), em São Paulo.

Com o novo centro, sediado no Instituto de Física Teórica (IFT) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o Centro Internacional de Física Teórica (ICTP, na sigla em inglês) ganha sua primeira unidade fora da Europa. O ICTP, vinculado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), tem sede em Trieste (Itália).

A abertura oficial do ICTP-SAIFR contou com a participação de Peter Goddard, diretor do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, de Julio Cezar Durigan, vice-reitor no exercício da Reitoria da Unesp, de Fernando Quevedo, diretor do ICTP, de Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, de Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), e do físico Juan Maldacena, representante dos demais países da América do Sul. Os cinco últimos são também os membros do comitê diretivo do ICTP-SAIFR.

De acordo com Quevedo, com o ICTP-SAIFR a cidade de São Paulo deverá se tornar o principal centro de referência para os físicos teóricos no continente.

O centro realizará pesquisa de excelência e organizará escolas avançadas e workshops internacionais, receberá pesquisadores visitantes e pós-doutores e promoverá um intenso intercâmbio entre alunos e pesquisadores do Brasil e do exterior.

“No campo da física teórica, a mobilidade de pesquisadores é um aspecto absolutamente crucial. O talento está espalhado por toda a face da terra. Para garantir uma pesquisa de excelência, não há outro caminho senão conectar esse pessoal talentoso – que muitas vezes está em países em desenvolvimento. Essa é a tarefa que o ICTP vem cumprindo há quase 50 anos e que o novo centro cumprirá a partir de agora na América do Sul”, disse Quevedo à Agência FAPESP.

O ICTP recebeu desde sua fundação, em 1964, mais de 120 mil visitas de pesquisadores de 184 países, sendo 56% provenientes de países em desenvolvimento. “A missão do ICTP é auxiliar o avanço da excelência científica em países em desenvolvimento, que têm menos estrutura em física teórica”, disse.

Segundo Quevedo, o novo centro terá um contato intenso e constante com o centro de Trieste. O ICTP irá financiar a participação de pesquisadores de países sul-americanos para que participem das atividades do ICTP-SAIFR.

“Também teremos um contato estreito na parte de seleção e contratação de pessoal, por meio do comitê de busca. A FAPESP, por outro lado, dará uma contribuição fundamental financiando bolsas de pós-doutorado, a estadia de pesquisadores visitantes e a organização de workshops com a vinda de professores de fora do continente. Esse intercâmbio será uma grande oportunidade não só para os novos cientistas, mas também para os próprios professores e palestrantes experientes”, disse.

A FAPESP financiará o centro por meio do Projeto Temático “ICTP Instituto Sul-Americano para Pesquisa Fundamental: um centro regional para física teórica”, coordenado por Nathan Jacob Berkovits, professor do IFT e diretor do ICTP-SAIFR.

A Unesp disponibilizou a infraestrutura para criação do centro e contratará uma secretária bilíngue, um gerente de sistemas computacionais e um contador.

Segundo Goddard, que é presidente do Conselho Científico do ICTP-SAIFR, o novo centro será importante não só para a pesquisa em física teórica na América do Sul, mas em todo o mundo.

“A física é uma atividade extremamente internacional. Por isso é tão importante que os cientistas se movam por diferentes países e troquem ideias. Teremos excelentes físicos do Brasil atravessando o mundo com mais frequência, mas também será importante o fato de que traremos muitos dos maiores cientistas do mundo para o Brasil”, disse Goddard.

Brito Cruz afirmou que a iniciativa de criação do centro tem grande importância para o desenvolvimento da ciência e tecnologia no Estado de São Paulo.

“O centro criará em São Paulo um polo de atração de pesquisadores de classe internacional e de estudantes bem qualificados. Reunir cientistas experientes é um dos desafios do desenvolvimento do Estado”, disse.

Brito Cruz também destacou a preocupação em dar apoio à ciência fundamental. “A FAPESP valoriza muito todas as áreas, mas, especialmente em uma época em que predomina uma visão utilitarista da pesquisa, achamos importante valorizar um tipo de pesquisa que serve para que a humanidade se torne mais sabida, sem nos apegar apenas a fatores como o número de empregos diretos que ela irá gerar”, afirmou.

Parceria em pesquisa

Palis ressaltou que o novo instituto deverá contribuir decisivamente para a formação de recursos humanos nos diversos campos da física teórica, trazendo um novo nível de competência e excelência para a comunidade científica sul-americana.

“É um orgulho para a ciência brasileira ter um instituto tão bem organizado, com apoio de uma instituição como o ICTP, que se tornou um baluarte da ciência e tecnologia para os países em desenvolvimento. Teremos um centro que já nasce com a mais alta qualidade científica internacional, onde serão discutidos alguns dos problemas mais importantes da atualidade, já que a unificação da física é um campo em disputa”, afirmou Palis.

Maldacena destacou que a maneira como o instituto foi concebido – favorecendo a intensificação dos intercâmbios entre pesquisadores – deverá facilitar a maneira como avança a pesquisa científica.

“Escrevemos fórmulas e teorias, discutimos com colegas e refazemos as fórmulas e teorias. Esse processo se repete o tempo todo e é nessa dinâmica que o novo instituto poderá ter um papel-chave. Pesquisadores de outros institutos vão comparecer, discutir, identificar o que é relevante e ajudar a dar um impulso na física teórica. O centro organizará escolas, reunirá gente de toda a América do Sul e terá um papel de liderança no continente”, disse.

Centro de excelência

Durigan destacou a vocação internacional do IFT-Unesp, que iniciou suas atividades em junho de 1952. “Em sua primeira década, o IFT recebeu diversos professores estrangeiros, como o físico teórico Carl Friedrich von Weizsäcker, do Instituto Max Planck (Alemanha), e os jovens pesquisadores Wilhelm Macke e Reinhard Oehme, também alemães”, disse.

Quando esses cientistas partiram, o físico teórico alemão Gert Moliére, da Universidade de Tübingen, assumiu a direção científica do IFT, trazendo consigo trouxe os professores Hans Joos, da mesma instituição, e Werner Güttinger, do Instituto de Tecnologia de Aachen, que permaneceram no instituto por dois anos.

“A partir daí, o IFT entrou em sua fase ‘japonesa’, com a vinda dos físicos Mituo Taketani, da Universidade de Rikkyo, em Tóquio, e Yasuhisa Katayama, da Universidade de Kyoto. Dois anos depois, eles voltaram ao Japão e foram substituídos por Tatouki Miyasima, da Universidade de Educação de Tóquio, Daisuke Itôo, da Universidade de Hokkaido, e Jun'ichi Osada, do Instituto de Tecnologia de Tóquio”, disse.

Segundo Durigan, a inauguração do ICTP-SAIFR dá continuidade a essa tradição internacional. “O IFT é hoje uma unidade que orgulha a Unesp, por ser um locus de excelência em física reconhecido no país e no exterior. Não foi por acaso que uma instituição de renome internacional o escolheu para ser sua subsede na América do Sul. A nota máxima do IFT na avaliação da Capes também remete ao fato de o instituto receber pesquisadores de várias partes do mundo”, afirmou.

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