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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Estiagem terá decreto coletivo de emergência no Rio Grande do Sul

Um decreto de emergência coletivo poderá ser emitido pelo governo do Rio Grande do Sul em nome dos municípios atingidos pela estiagem. O governador do Estado em exercício, Beto Grill, anunciou nessa quarta-feira a articulação feita com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que sugeriu a medida com a finalidade de acelerar o acesso a programas da Defesa Civil e a liberação de recursos para os produtores prejudicados. Gleisi e o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, anteciparam o retorno de suas férias para tratar da crise causada pela seca no Rio Grande do Sul e das tragédias ocasionadas pelas chuvas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

Até o final da tarde de ontem, 47 prefeituras haviam decretado estado de emergência e outras 29 tinham emitido notificações preliminares sobre os danos decorrentes da estiagem. O número, porém, tanto das cidades atingidas quanto da estimativa de perdas, aumenta a cada dia sem chuva. Conforme a Defesa Civil, as regiões Central e Noroeste são as mais afetadas, e a cultura de milho, a mais prejudicada. “Diferente do que ocorreu no ano passado, quando a seca atingiu a região Sul e a Campanha, com impacto sobre abastecimento humano e criação animal, neste ano, o problema atinge quase exclusivamente a produção agrícola”, descreveu. Mas existem sérios problemas na região abastecida pelo Rio dos Sinos.

Sem informações precisas sobre o valor dos prejuízos nas lavouras, Beto Grill mencionou prejuízo estimado em R$ 500 milhões. Uma avaliação precisa sobre as perdas na produção agrícola de grãos será divulgada nesta quinta-feira pela Emater, antecipou Gervásio Paulus, diretor técnico da empresa. A Fecoagro projeta que só a receita que deixará de circular com o milho chega a R$ 1,3 bilhão. Acrescentando custos de remoção do grão de fora do Estado e tributos não recolhidos, a conta atingiria R$ 2 bilhões.

Com o alastramento da seca, ontem chegou a 10 mil o número de comunicados de perda de agricultores que tomaram financiamento pelo Pronaf na safra 2011/2012. Se eles comprovarem a quebra de pelo menos 30% da produção serão indenizados pelo Proagro. O seguro do governo federal quita o financiamento e paga até 65% da renda prevista na propriedade, limitado a R$ 3,5 mil. De acordo com o superintendente federal do Desenvolvimento Agrário no Rio Grande do Sul, Nilton Pinho de Bem, considerando operações com valor médio de R$ 7 mil, neste momento, o governo federal estaria arcando com R$ 70 milhões somente na quitação das operações de crédito.

O governo do Estado também não tem números precisos de pessoas afetadas. A Defesa Civil, no entanto, estima que quase 250 mil gaúchos estejam vivenciando o drama da seca, a maioria deles agricultores. Um dado animador, diante do quadro calamitoso para a economia do Estado e a vida de produtores rurais, é o de que não há notificação de falta d”água para o consumo humano e animal, nem falta de acesso à alimentação. De acordo com o coordenador de Defesa Civil, tenente-coronel Paulo Roberto Locatelli Gandin, o órgão ainda não registrou pedidos por água potável e cestas básicas até a tarde de ontem. “Mesmo assim, seguimos monitorando uma possível demanda por ajuda humanitária”, afirmou Locatelli.

Nível do Sinos volta a cair

As mudanças adotadas nesta semana pelas operadoras de abastecimento de água das duas maiores cidades do Vale do Sinos não deverão durar muito. Com a chuva do último fim de semana, Novo Hamburgo suspendeu os cortes e São Leopoldo reduziu de 8 para 5 horas o período em que os consumidores ficam sem o produto. Porém, ontem o rio voltou a preocupar. De domingo a quarta-feira, o nível baixou quase 1 metro na base de captação do Semae: de 2,42 m para 1,50 m. A direção do órgão vai avaliar hoje a situação.

Para o diretor-executivo do Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos), Julio Dorneles, só a suspensão total da captação para irrigação das plantações de arroz será capaz de garantir o abastecimento durante o verão. Assessores jurídicos dos Pró-Sinos, do Semae e da Prefeitura de São Leopoldo trabalham em uma ação que pretende proibir os arrozeiros de captar. O município deve ingressar na Justiça na semana que vem, quando o prefeito Ary Vanazzi volta de férias. Em Novo Hamburgo, onde ontem o rio estava a 1,13 m da bomba da Comusa, o Executivo municipal também avalia mover ação nesse sentido.

Caso não chova mais nesta semana, até sábado o nível do manancial pode estar perto de 1 metro novamente, avalia Dorneles. Os acordos firmados no Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos) estabelecem que restrições aos produtores para a obtenção começam a ser impostas apenas quando o manancial chega a 60 centímetros da bomba de captação do Semae, a 72 cm na Comusa e a 80 cm na Corsan, em Campo Bom. Conforme o coordenador regional do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), José Gallego Tronchoni, cada lavoura capta, em média, 2 metros cúbicos por segundo.

Apesar da chuva do fim de semana, o nível da água na barragem do Salto, em São Francisco de Paula, segue com 1,76 metro abaixo da média. A informação é do chefe da Divisão do Salto, Everton Vieira. Esse número inviabiliza o aumento da quantidade de água que vai do rio Caí para o Sinos, como a Comusa e o Semae chegaram a sugerir em novembro, antes de aplicarem planos de racionamento. A direção da CEEE descartou a hipótese de elevar a vazão do sistema de transposição à época, em nota oficial, para não comprometer o abastecimento no Vale do Caí.

Fonte: Correio do Povo

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